São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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PF indicia proprietário da IBF sob suspeita de estelionato

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal de São Paulo indiciou ontem, sob suspeita de estelionato, falsidade ideológica e adulteração de documentos, o empresário Ibraim Borges Filho, autor do depoimento que gerou as primeiras investigações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Precatórios.
Ibraim foi indiciado em um inquérito aberto a pedido do Banco Central por operações irregulares no mercado financeiro que ocorreram em 1993. Ele deixou a PF por volta de 21h e não quis prestar declerações à imprensa.
A Polícia Federal considera que esse inquérito comprova que o mesmo grupo investigado pela CPI atua em conjunto desde aquela época, utilizando os mesmos métodos. "Essa investigação mostra que o mesmo grupo está atuando irregularmente no mercado muito antes do que imaginava a CPI", afirmou o delegado Marcus Vinícius Deneno, que preside o inquérito.
Além de Ibraim, participaram das operações de 1993 alguns dos principais personagens investigados pela CPI. Na época, já integravam o esquema empresas "laranjas" -que cediam suas contas correntes em bancos para serem utilizadas.
Split
Enrico Piccioto, dono da distribuidora Split, surge nesse inquérito como um dos principais suspeitos. Sua empresa realizou operações de "swap" (na qual podem ser alterados os indexadores de alguns contratos) com onze empresas, algumas delas "laranjas".
Na CPI, a Split também aparece como empresa que operou com diversos "laranjas" em 96.
José Luís Priolli surge no inquérito como um funcionário da Split, mentor de algumas das operações. Priolli tinha entrado na Split três meses antes da realização dessas operações.
Na CPI, ele aparece como dono da empresa Negocial, que abriu após deixar a Split, onde continuou operando com "laranjas".
O próprio Ibraim, que admitiu à CPI ter uma empresa "laranja", a IBF Factoring, aparece no contrato de 93 da mesma forma, só que desta vez com a empresa DP Parafusos.
Também aparece nesse inquérito o empresário Pedro Mammana, que indicou Ibraim para a Split. Ele também é apontado como membro do esquema por outro empresário "laranja", Nelson Fagarazzi, dono da Metal Indústria e Comércio.
As semelhanças entre as operações investigadas no inquérito e na CPI são muito grandes. Em todos houve negociações com títulos públicos, segundo a PF.
Ibraim também afirmou que sua comissão, em 1993, seria de 0,3% do total lucro das operações movimentadas em sua conta, a mesma porcentagem que teria nas operações realizadas em 96, como revelou à CPI.

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