São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Renault tem prejuízo de US$ 937 mi

Demissões provocam protestos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O grupo francês Renault teve prejuízo de US$ 937 milhões em 96, o maior dos últimos dez anos. O anúncio foi feito ontem em Paris pelo presidente da empresa, Louis Schweitzer.
O prejuízo divulgado é equivalente ao total do investimento que a montadora francesa planeja fazer em São José dos Pinhais, no Paraná, para produzir automóveis a partir de 99.
Em 95, a montadora havia registrado lucro de US$ 382 milhões.
A maior parte do prejuízo (cerca de US$ 697 milhões) é devido à provisão de fundos para fechar a fábrica de Vilvoorde (Bélgica) e reduzir o efetivo na França.
O fechamento da fábrica belga provocará a extinção de 3.100 postos de trabalho. Na França, a Renault prevê a demissão de 2.764 trabalhadores este ano.
Mesmo sem contabilizar a provisão de fundos, a produção de automóveis deu prejuízo de cerca de US$ 437 milhões para a montadora francesa em 96. A divisão de caminhões perdeu US$ 125 milhões. A área financeira do grupo deu lucro: US$ 255 milhões.
Protestos
Para protestar contra o plano de demissões da empresa, os trabalhadores da Renault realizaram atos de protesto em Paris, atiraram pedras e ovos na sede da empresa e invadiram um depósito de veículos e uma fábrica de motores no norte do país.
Na capital francesa, centenas de operários franceses e belgas, carregando bandeiras negras e de confederações de trabalhadores da Bélgica, desfilaram pelos principais pontos turísticos, como a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo.
Os belgas protestam contra o fechamento da fábrica de Vilvoorde e receberam a solidariedade dos trabalhadores franceses.
Um grupo de funcionários tentou invadir a sede da empresa, em Boulogne-Billancourt (periferia de Paris), no momento em que Schweitzer comunicava ao Conselho de Administração os resultados de 96 e o plano de demissões. Atiraram pedras, latas de cerveja e ovos contra o edifício.
Perto da cidade de Lille (norte da França) centenas de operários invadiram e ocuparam um centro de armazenagem de veículos.
Em Douvrin, também no norte do país, um outro grupo invadiu as instalações da empresa Française de Mécanique, que produz motores para a Renault e outras montadoras.
O "caso Vilvoorde" é considerado por analistas políticos e economistas europeus como uma demonstração de que a União Européia se ergue sobre bases econômicas e financeiras, mas não sociais.
Segundo os analistas, uma empresa pode dispensar milhares de trabalhadores em qualquer país sem consulta prévia a sindicatos ou qualquer outra entidade.
Na quarta-feira, o presidente da Renault chegou a conversar com sindicalistas belgas. Mas apenas para dizer que a decisão de fechar Vilvoorde era "irreversível".

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