São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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TV do futebol

JUCA KFOURI

Ao que tudo indica, a TV deixará de ser vilã e receberá o tratamento que merece, de parceira.
O Clube dos 13 acordou e já tem garantido um contrato com o SBT que representa um avanço inegável nas relações entre o futebol e a TV.
Melhor ainda porque agora se fala, como revelou o repórter Marcelo Damato, nesta Folha ontem, num canal exclusivo de futebol, no sistema "pagar para ver", que terá como sócia a rede que assinar o contrato de transmissão do Campeonato Brasileiro pelos próximos três anos.
Como a Globo e a Bandeirantes têm prioridade, desde que, claro, no mínimo aceitem as condições acordadas com o SBT, o futebol sairá ganhando. E pouco importa se a proposta do SBT foi apenas para fazer seus concorrentes tirarem mais do bolso do que estavam acostumados.
Se for verdade, que se erga uma estátua para Sílvio Santos na frente do Pacaembu e se toque o barco adiante sob os novos moldes, nos quais os clubes faturam mais alto que nunca e se privilegia a presença do público nos estádios.
Outras discussões hão de surgir -o Corinthians, por exemplo, tem o direito de pleitear tratamento diferenciado, posto que é quem dá mais audiência em São Paulo, principal mercado do país- e não será surpresa se, findas as negociações com a TV, começar a fase de organização da liga dos clubes profissionais brasileiros.
Porque uma coisa leva quase necessariamente à outra. O Clube dos 13 está sentindo na carne o benefício de ter tomado para si o contrato com a TV. E, diga-se de passagem, sob o sério comando de Fábio Koff, está fazendo tudo de maneira transparente, num estilo oposto ao que caracteriza a CBF e FPF.
Se a liga nascerá contemplando o Fluminense ou não é uma questão ética da maior importância e que não pode ser subestimada. Do ponto de vista puramente negocial, a curto prazo, parece evidente que o Flu é mais interessante que o América-RN.
Só que o negócio do futebol, para ser permanentemente bom, precisa não ferir os preceitos do esporte e, deste ponto de vista, não há nenhuma dúvida de que a exclusão da equipe potiguar maculará na origem uma liga que tem tudo para ser a solução há tanto tempo esperada -principalmente em função da entrada dos grandes patrocinadores que, aos poucos, vão tomando o lugar da velha cartolagem.
Voltarei ao assunto.

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