São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gofman se diverte em palco carioca

LUIZ CAVERSAN
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

No centro do palco, uma mesma dupla e dois duelos.
É o primeiro duelo, muito bem condimentado, aliás, pelo diálogo pródigo de Molière.
O outro duelo pode ser saboreado desde o começo de "O Burguês Ridículo" -em cartaz há quase um ano no Rio e que estréia em agosto em São Paulo-, mas vai se desenvolvendo ao longo de toda a peça. Ele se dá entre o ator Marco Nanini e a atriz Betty Gofman e é muito, muito engraçado.
Que Nanini é um dos maiores atores cômicos do país não é novidade alguma. A surpresa é o desempenho de Betty Gofman.
Surpresa tamanha que, mesmo sendo uma coadjuvante, ela ganhou o Prêmio Shell de melhor atriz de 96.
Identificada com personagens, digamos, mais densos, como os que interpretou sob a batuta de Bia Lessa ("Orlando", "Viagem ao Centro da Terra" e "O Homem Sem Qualidades") ou Gerald Thomas ("Don Juan", de Otavio Frias Filho) ou ainda papéis esporádicos na televisão, Betty tem uma conexão irreversível com o humor, exercitado à vontade com o tal personagem, a criada Nicole.
"Se há uma coisa que eu busco na minha carreira de atriz é a diversão. A Bia Lessa sacou muito bem isso. Em nossas viagens pelo mundo, na hora de entrar no palco ela sempre dizia: 'Betty, vai lá e se diverte'."
As andanças com Lessa foram muitas. Em Berlim, ela foi eleita, por sua atuação em "Orlando", a melhor atriz do festival de teatro de 93 e recebeu do crítico Bernd Sucher o seguinte comentário: "Uma garota pálida, delicada e robusta. Também bonita. E incrivelmente ágil e expressiva".
Aliás, a passagem de Betty/"Orlando" pela Alemanha rendeu outro fruto, que ela guarda com carinho. A atriz Anna Schygulla a viu em ação e, quando esteve no Brasil em 1994, disse, durante uma entrevista: "Ela vai longe, vai fundo. Ela pode representar em diversas línguas, e essa facilidade, aliada ao talento, vai impulsioná-la".
Com Nicole, sintetiza esse talento e certamente vai catapultar a atriz (que também "bate uma bola" como apresentadora do programa pop-esportivo "Tá Na Área", de Alê Primo, no Sportv-Globosat) para novas e boas "diversões".
Embora prefira teatro, ela não rejeitará TV. "A relação de proximidade com o público que só o teatro proporciona é uma coisa que me fascina, é demais. Mas, quando você tem um bom personagem e trabalha com autor e diretor interessantes, tanto faz o veículo. O barato é o mesmo."

Peça: "O Burguês Ridículo"
Direção e adaptação: João Falcão e Guel Arraes
Com: Marco Nanini, Ary França, Betty Gofman, Bruno Garcia, Dora Pelegrino, Virgínia Cavedish e Oberdan Jr.
Onde: teatro Casa Grande (av. Afrânio de Mello Franco, 290, Leblon, tel. 239-4046)
Quando: qui a sáb, às 21h30, dom, às 20h
Quanto: R$ 20 (qui), R$ 25 (sex e dom), R$ 30 (sáb)

Texto Anterior: Celulari encarna D. Juan
Próximo Texto: Marília Pêra traz "Master Class" ao Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.