São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Dinho Nascimento faz blues com dendê

CASSIANO ELEK MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O ritmo dos catadores de algodão do Mississipi já chegou ao Pelourinho. A mistura do lamento dos negros norte-americanos com o azeite de dendê começou oito anos atrás.
O percussionista Dinho Nascimento tocava berimbau em sua casa quando resolveu encostar um copo de água na corda do instrumento.
"Buli no formigueiro", brinca Nascimento, que, com a paciência característica da Bahia, passou os seis anos seguintes moldando a melodia do blues aos recursos limitados do berimbau.
Hoje e amanhã, os paulistanos podem ouvir as músicas de seu primeiro disco solo, "Berimbau Blues" (gravadora Velas), no palco do Piccolo.
"O berimbau é minha guitarra", diz Nascimento, que, nos anos 70 ficou conhecido por criar no Brasil o primeiro berimbau elétrico.
Dinho não parou nesse instrumento. Hoje ele apresenta outras duas invenções: o berimbaixo, que criou com uma corda de piano e o arco do berimbau, e o berimcello, mistura com o violoncelo.
Dinho faz questão de explicar que seu disco não é "de blues", mas o espírito desse ritmo acaba por rondar todo o seu trabalho.
Miles Davis
Ele aplica a mesma liberdade de improvisação em ritmos nacionais como o maracatu e o baião. Em "Dança pra Miles", Dinho homenageia o trompetista norte-americano Miles Davis com um samba-de-roda. Meu objetivo é "universalizar o berimbau", conta o baiano de Brotas.
Para conseguir reproduzir os ritmos que escuta em sua cabeça, "que recicla de B.B. King a Jackson do Pandeiro", Dinho chega a usar oito berimbaus diferentes.
Dinho não está participando do PercPan, mas planeja um encontro de percussionistas nos mesmos moldes em São Paulo. "A cidade é muito percussiva."
(CEM)

Show: Dinho Nascimento
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Onde: Piccolo Espaço Cultural (r. Girassol, 323, Vila Madalena, tel. 011/870-5884) Quanto: R$ 15 (ingresso) e R$ 5 (consumação)

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