São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997 |
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Reunião começa em clima conciliatório
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O porta-voz do Kremlin, sede do governo russo, Serguei Iastrjembski, disse que Ieltsin vai defender os interesses da Rússia "como nunca antes" e que, se os EUA insistirem em incluir as ex-repúblicas soviéticas nos planos de expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Moscou poderá mudar sua política externa e estreitar laços com o Irã, a China e a Índia. A secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, descartou essas ameaças como "retórica sem importância". O porta-voz da Casa Branca, sede do governo norte-americano, Mike McCurry, disse: "Há trabalho difícil, e será duro resolver algumas diferenças". Mas Ieltsin afirmou que espera obter acordos "em todos os aspectos" porque acha que Clinton e sua equipe estão empenhados em "abordagens construtivas". Clinton considerou essas declarações de Ieltsin "encorajadoras". Os dois, que estabelecem um recorde com a quinta conferência de cúpula (Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov se encontraram em quatro reuniões desse tipo), jantaram ontem com o presidente da Finlândia, Martti Ahtisaari, e passam o dia de hoje trabalhando. A expansão da Otan, aliança militar entre EUA e Europa Ocidental, é o ponto principal da agenda. Clinton também quer obter um compromisso de Ieltsin para a ratificação do acordo Start 2, que prevê o corte pela metade dos arsenais nucleares dos dois países. O acordo está sendo bloqueado pelo Parlamento russo. Ieltsin quer que a ampliação da Otan se limite à adesão de Polônia, Hungria e República Tcheca, prevista para se formalizar em julho próximo e se efetivar em 1999. Clinton vai argumentar que a Otan não constitui risco para a Rússia e deixar aberta a porta para que ela mesma se inclua na organização. Clinton diz que a consolidação da Otan atende aos interesses da segurança de toda a Europa, inclusive da Rússia. Ieltsin sofre pressão doméstica de líderes nacionalistas que se opõem à Otan. O processo de paz no Oriente Médio, a questão do futuro da ex-Iugoslávia, as reformas econômicas na Rússia e, com certeza, as condições de saúde dos dois presidentes serão outros assuntos. Helsinque foi escolhida (a cidade prevista era Washington) para facilitar o deslocamento de Ieltsin, que convalesce de cirurgia cardíaca e pneumonia. Mas quem chegou a Helsinque em cadeira de rodas foi Clinton, operado no joelho após sofrer queda há uma semana. O presidente fez fisioterapia em barras paralelas e com pesos durante a viagem de Washington a Helsinque. Próximo Texto: Cardápio servido é saudável Índice |
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