São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997 |
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Cumprimento do dever; O valor da escola particular; Autoria contestada; Basta; Barbada Cumprimento do dever "Tendo em vista a publicação de carta da Associação Paulista dos Magistrados que repudia a crítica que fiz quanto à decisão do juiz de Direito de Pirapozinho, que libertou pessoas acusadas de tentativa de homicídio contra integrantes do Movimento dos Sem Terra, tenho a esclarecer o seguinte. Decisões judiciais são passíveis de discordância e crítica quanto ao seu conteúdo. Não é por outra razão que a legislação processual prevê a possibilidade de interposição de recurso a instâncias superiores. Os ilustres promotores de Justiça que atuam na comarca entenderam incorreta a decisão de libertar os referidos réus, por considerar que isso põe em risco a ordem pública. Foi interposto o devido recurso. Têm eles o meu total apoio. O Ministério Público tem atribuição constitucional de defender a ordem jurídica, o regime democrático e o interesse social, promovendo a ação penal pública. O Ministério Público paulista exerce sua atividade com independência e imparcialidade e, no cumprimento de seu dever, não pode se preocupar com eventual desagrado decorrente de seus atos e manifestações. A questão agrária do Pontal do Paranapanema é complexa e é responsabilidade de todas as instituições e pessoas evitar a violência e suas trágicas consequências. Manifesto o meu respeito a todos os integrantes da magistratura paulista, com os quais mantenho antiga relação de apreço e amizade. Aqueles que têm integral conhecimento das circunstâncias que envolvem o problema sabem que o Ministério Público luta pela justiça e pela paz social. Nessa tarefa, não retrocederá nem abdicará de expor publicamente sua convicção, sem medo e sem se desviar para o enfoque corporativo." Luiz Antonio Guimarães Marrey, procurador-geral de Justiça (São Paulo, SP) O valor da escola particular "Com referência ao texto publicado em 12/3 pelo jornalista Gilberto Dimenstein: as escolas particulares de segundo grau são as principais fornecedoras de alunos para as estatais. O valor do ensino particular é, justamente, o de alavancar talentos, para que, com a educação continuada e a profissionalização, aquelas diferenças sejam menos sentidas e o valor individual sobrepuje quaisquer desigualdades. Por isso, não concordamos com a panfletagem dirigida contra as escolas particulares, nem com a manchete apelativa de primeira página. Sem que todos tenham em mãos o produto dessas provas será difícil fazer uma análise imparcial dos resultados, inclusive poder verificar se o processo de avaliação do MEC não deva ser aperfeiçoado. Melhor exemplo é o próprio trabalho feito pela U.S. New & World Report, citado ao final do texto, onde a metodologia de avaliação é completamente diversa da aplicada pelo MEC. Além do mais, se o objetivo pedagógico da avaliação é o de conhecer as falhas para poder corrigi-las, a pior atitude que se pode tomar com relação ao sistema é colocar todos na vala comum da incompetência. Em vez de criticar, sem conhecer, profundamente, as causas, seria melhor valorizar o trabalho diuturno realizado pelas escolas superiores, pois graças a elas já se conseguiu formar mais de 4 milhões de pessoas nos últimos 30 anos. Em algum momento o jornalista pensou nas consequências trágicas que teríamos para o país se não existisse a opção do ensino superior particular? Haveria mais uma odiosa discriminação. A da elite dos diplomandos em ensino superior das escolas públicas e o resto." Gabriel Mário Rodrigues, presidente do Semesp -Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (São Paulo, SP) Resposta do jornalista Gilberto Dimenstein - Não existe nenhuma panfletagem. Apenas o fato de que a imensa maioria das escolas que ficou abaixo da média no provão é privada. Consequência trágica não é acabar com essas escolas, mas continuarem a fabricar diplomas, estimulando ainda mais as diferenças entre alunos ricos e pobres. A sociedade tem o direito de saber quais instituições, públicas ou privadas, têm desempenho que prejudica o funcionamento dela e, dependendo do caso, de puni-las. Autoria contestada "Sobre a reportagem 'Autopeças estão congeladas há 14 meses' (5/3): o texto está perfeito, mas a linha fina (sobretítulo) tem um erro. Quem afirma, provocativamente, que 'enquanto as montadoras não absorvem nem a alta de custos dos fornecedores, o preço do carro sobe' é a Folha, não o Sindipeças. O que Paulo Butori claramente declarou é que o aumento não tem a ver com as peças fabricadas no Brasil, mas pode estar relacionado às importações." Helena Coelho, assessora de imprensa do Sindipeças -Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (São Paulo, SP) Resposta do jornalista Arthur Pereira Filho - O sobretítulo reflete o conteúdo da reportagem, embora Paulo Butori não tenha feito textualmente tal declaração. Basta "Todo dia de manhã é a mesma coisa. Estou cansada de ouvir e ler sobre as falcatruas, corrupção. E até agora nenhum cidadão-político pagou por isso. Os rombos na Previdência Social não foram resolvidos, o sr. Pitta é inocente (acho que a Dolly é culpada, né?). Os grandes continuam impunes. Chega de impunidade, chega de corrupção. Quero justiça." Izabel Cristina Gagliardi (Cosmópolis, SP) * "O senador Abdias do Nascimento (PDT-RJ), militante da causa racial, tem razão quando desconfia da predisposição para com o prefeito Celso Pitta. Até o momento, o envolvimento de funcionários da prefeitura em nada desabona o prefeito. Enquanto isso nada se fala de outros políticos, como Miguel Arraes, por exemplo." Hugo Ferreira (São Paulo, SP) * "Infelizes as palavras do presidente francês, monsieur Chirac: 'O Brasil é um país sério'. Aqui tudo acaba em Pitta!" Marco Meyer (Belo Horizonte, MG) Barbada "Se numa casa de jogos o brasileiro pudesse apostar no resultado das votações no Congresso, quase sempre ganharia. É realmente uma barbada acertar as prioridades, o que passa e o que não passa no Congresso brasileiro. Prioridades: aquelas que dizem respeito aos próprios políticos. O que passa: projetos que agradam eleitores menos informados ou funcionários públicos. O que não passa: projetos que, embora bons para a maioria da população, desagradam algum segmento abundante de votos, ou que potencialmente possa consegui-los." Marcos Horta (Uberlândia, MG) Texto Anterior: Xerocando seres vivos Próximo Texto: ERRAMOS Índice |
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