São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 1997
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Outras máfias

LUIZ CAVERSAN

Rio de Janeiro - Há a máfia máfia, aquela da Itália, que tem ramificações pelo mundo todo, EUA principalmente, e com a qual o finado PC trocava figurinhas e outras coisinhas mais.
Há a agora evidente máfia dos precatórios, formada por senhores de ternos bem cortados, gravatas importadas e que, apesar de trabalharem há 20, 30 anos no mercado, dizem aos senadores da CPI que não sabem de nada, nem desconfiam como milhares de reais foram parar em suas contas.
Há outras máfias, umas mais, outras menos antigas.
Como a dos cambistas de ingressos, que agem nas portas de todos os teatros, infernizam a vida dos espectadores e só a polícia não vê.
Tem ainda a dos guardadores de carro, aqui chamados de flanelinhas, que ameaçam, intimidam, agridem, tiram dinheiro dos donos de carro e, mais uma vez, só a polícia não vê.
Há uma outra, muito famosa por aqui, que é a máfia dos ônibus.
Como se sabe, um dos motivos da eliminação do Rio como possível sede das Olimpíadas de 2004 foi o trânsito caótico da cidade. E há um protagonista principal -não único, claro- na bagunça das ruas do Rio: o ônibus.
Exemplos de indisciplina e desobediência às normas mais elementares de comportamento civilizado, especialistas na arte de desrespeitar os códigos e leis que deveriam reger a ordem nas ruas, os ônibus no Rio de Janeiro usufruem das delícias da impunidade.
Fecham cruzamentos -apenas todos os possíveis-, trafegam nas faixas da esquerda -sempre-, desrespeitam o sinal vermelho, deixam e apanham passageiros no meio da rua, param nos pontos apenas quando dá na telha do motorista.
Não há multas, não há punição aos motoristas. São os reis das ruas.
Será que é verdade que as empresas de ônibus são as maiores contribuintes dos caixas dois das campanhas eleitorais?

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