São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Motta demite diretoria de fundo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Sérgio Motta (Comunicações) demitiu ontem à tarde toda a diretoria do Telos, o fundo de pensão dos funcionários da Embratel. O Telos, disse Motta, possui R$ 45 milhões em títulos das prefeituras de Osasco e São Paulo e do governo catarinense.
Os tomadores finais de títulos estaduais e municipais, caso de bancos e fundos de pensão, estão sendo investigados pela CPI dos Precatórios, mas não há nenhuma evidência concreta de envolvimento no esquema descoberto.
Suspeitas
O motivo das suspeitas dos senadores é o fato de grandes bancos e fundos de pensão comprarem títulos junto a pequenas corretoras, em vez de fazer a operação diretamente com Estados e prefeituras.
O ministro também comentou, após solenidade na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), o desgaste sofrido pelo prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), em decorrência do escândalo dos títulos públicos apurado pela Comissão Parlamentar de Inquérito.
"Eu previ que aquilo lá (a prefeitura) iria degringolar em três meses. E acertei", disse o ministro. Motta foi o principal cabo eleitoral de José Serra, candidato derrotado do PSDB à sucessão municipal em São Paulo no ano passado.
Até agora, foram descobertos quatro funcionários subordinados a Pitta que participaram do esquema de lançamentos de títulos destinados a pagar precatórios que foram fraudados.
Além disso, foi revelado que o Banco Vetor (principal instituição investigada) pagou despesas do aluguel de um carro para a mulher do prefeito, Nicéa, e um documento em que Pitta, quando secretário das Finanças (1993-1996), determina uma venda de papéis ao Vetor, com deságio de 11%.
Sobre a Telos, Motta disse que já vinha tendo problemas com a diretoria, que, segundo ele, adotava "atitudes corporativistas" incompatíveis com a política do atual governo, que defende a privatização da Embratel.
"Descobri que na carteira da Telos havia R$ 45 milhões em títulos de Osasco, São Paulo e Santa Catarina", disse Motta. "Demiti todo mundo", concluiu.
Motta criticou ainda toda a diretoria dos Correios durante a cerimônia destinada a encerrar um curso de qualidade total.
Presidia a cerimônia Amílcar Gazaniga, presidente da ECT, indicado pelo PPB de Paulo Maluf e Celso Pitta.
O ministro se queixou dos baixos investimentos em modernização e da suposta falta de carteiros pelas ruas, apesar da destinação de R$ 2,5 bilhões à empresa até 99.

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