São Paulo, sábado, 22 de março de 1997 |
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PM recebe passeata-mirim a bala e doces
ANDRÉ LOZANO
A "estratégia" usada pela PM "desmontou" parte das 2.000 crianças, segundo a pastoral, e 1.200, segundo a PM, que integraram a caminhada Via-Sacra da Criança e do Adolescente. Em seguida, alguns adolescentes acataram a argumentação de organizadores de que a PM estaria querendo "comprá-los". Alguns jovens chegaram a devolver os brinquedos, que foram apanhados por outras crianças. "A distribuição de brindes foi uma tentativa de quebrar a seriedade da manifestação", disse o padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Menor do Belém e organizador do movimento. "Fomos informados ontem (anteontem) da visita das crianças ao QG e quisemos prestar uma homenagem a elas, com presentes", afirmou o subchefe do Estado Maior da PM, coronel José Américo. Segundo ele, os 2.500 bombons, 600 lanches, 500 bolas, 500 bonecas e 1.200 litros de sucos e refrigerantes entregues às crianças foram doados por empresas da região. O padre Júlio e cerca de 30 crianças foram recebidos às 10h10 pelo coronel José Américo. As crianças leram a carta que diz que querem "uma polícia que não aceite corrupção, não faça acerto com traficante, não seja violenta, não reviste com força e ódio". Depois leram que não aceitam "operações como Tolerância Zero ou laboratório". "Queremos uma polícia que seja amiga da comunidade. Queremos policiais que possamos chamar pelo nome, que sejam nossos amigos e educadores", dizia um techo da declaração. "Queremos que, a partir de agora, a polícia passe a receber as crianças com balas de chocolate e não com balas de verdade", disse o padre Júlio Lancellotti. "A polícia se sensibiliza com a visita das crianças e acrescenta que a Operação Centro teve apoio do cardeal arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, em reunião há poucos dias na Arquidiocese com o comando da PM", afirmou o coronel ao padre Júlio. "Não tenho essa informação. O Vicariato do Povo da Rua, cargo ligado à pessoa do cardeal, e a Pastoral do Menor já se manifestaram contrários à operação. Divulgamos nota dizendo que os que participam da operação estão em estado de pecado", disse Lancellotti. Texto Anterior: Theotonio, profeta Próximo Texto: Organizadores 'contra-atacam' Índice |
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