São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Volume de exportações sobe 2,6% em 96

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de aumentar seus preços em dólar em 12,1% em 1995 em relação a 1994, quando começou o Plano Real, o setor exportador brasileiro os manteve no novo patamar no ano passado. Mesmo assim, conseguiu um aumento do volume exportado de 2,6% em 1996 em comparação com 1995.
Os dados fazem parte do boletim de índices de preço e "quantum" das exportações brasileiras, realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pela Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), divulgado ontem pela primeira vez.
Segundo o coordenador técnico da pesquisa, Ricardo Markwald, o exportador brasileiro se viu obrigado a aumentar seu preço no início do Plano Real para fazer frente a seus custos, que aumentaram em dólar. No primeiro ano de real, as exportações caíram 6%. Markwald não credita esse resultado somente ao aumento de preços que debilitou a concorrência externa. Ele diz que, com o aumento da demanda interna no pós-real, houve a opção pelo mercado interno.
Em 1996, com a retração do mercado interno, ele voltou a procurar o mercado externo, o que fez com que as exportações voltassem a crescer. Em relação a 1994, o ano de 1996 ainda está com um nível de vendas 3,5% menor.
Repasse de custos
Para Markwald, o exportador acabou "repassando custos para o preço da exportação". Em seu modo de ver, o exportador brasileiro "'ao longo do tempo pode ser desalojado do mercado".
Os preços dos produtos manufaturados, que respondem por 56% da pauta de exportações brasileiras, cresceram cerca de 20% em 1995 em relação a 1994 e mantiveram-se nesse patamar ao longo do ano passado.
O diretor de acompanhamento conjuntural do Ipea, Paulo Levy, tem outra visão. Ele acredita que o fato de o preço ter-se estabilizado e ter havido crescimento de vendas, com aquecimento do mercado interno, significa que podem estar aparecendo os primeiros resultados da modernização do parque industrial brasileiro, ocorrida desde o início do Plano Real.
Manufaturados
Os produtos manufaturados tiveram, em 1996, um aumento de preço de 0,6%, enquanto as vendas cresceram 2,6%. Os produtos semimanufaturados cresceram em 4,9% as vendas e tiveram queda de preço de 13%. Os básicos aumentaram as vendas em 2,5% e os preços em 8,4%.
Os bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram uma queda de vendas de 1,9% e aumento de preço de 2,6%. Os bens intermediários venderam mais 1,8% e tiveram queda de preços de 1,2%.

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