São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Atentado em café de Tel Aviv mata 4

Bomba põe paz em risco

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um atentado a bomba no centro de Tel Aviv (Israel) deixou quatro mortos e tornou ainda mais delicado o processo de paz na região. O grupo islâmico radical Hamas reivindicou o atentado, mas o governo de Israel responsabilizou o líder palestino, Iasser Arafat, por ele.
O terrorista entrou no café Apropos, na rua Ben Gurion, um das principais da cidade, por volta das 13h40 (7h40 em Brasília), carregando 3 kg de explosivos. O lugar estava cheio de pessoas que se preparavam para a festa judaica do Purim, que começa hoje.
A explosão aconteceu no terraço do café. Segundo a polícia, há mais de 40 feridos -uma das mortes aconteceu no hospital. As vítimas eram três mulheres israelenses.
O terrorista foi identificado como sendo um palestino de 28 anos, da cidade de Sourif (Cisjordânia). Israel impôs toque de recolher nessa cidade e fechou as fronteiras com territórios palestinos.
Por conta do atentado, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que o processo de paz está ameaçado e que ainda vai se reunir com assessores para decidir quais os próximos passos.
"A ação claramente fere o processo de paz, se não o destrói totalmente", disse Moshe Fogel, porta-voz do governo Netanyahu.
O clima no Oriente Médio estava tenso desde que Israel decidiu construir 6.500 casas para judeus em Jerusalém oriental. Os palestinos reivindicam essa parte da cidade como capital de um eventual Estado seu. Os israelenses acham que se trata de questão interna.
Netanyahu dissera no começo da semana que os palestinos haviam libertado membros do Hamas e tolerariam ataques terroristas.
Arafat condenou o "incidente terrorista" e enviou condolências, em nome da sua Autoridade Nacional Palestina, ao presidente de Israel, Ezer Weizman.
Mas em poucas horas começou a troca de acusações entre ele e Netanyahu. "Eu disse que as organizações (terroristas) entenderam que houve uma aprovação da Autoridade Palestina. Não há dúvida de que eles agiram com base nessa compreensão", disse o premiê ao visitar feridos no hospital.
"É uma vergonha que o premiê israelense minta em frente a seu povo e acuse o presidente Arafat. A pessoa responsável por essa ação dolorosa é, em última análise, o próprio Netanyahu, que não ouviu os conselhos da comunidade internacional", disse Maruan Kanafani, porta-voz do líder palestino.
Os dois acabaram conversando por telefone à noite. Arafat, novamente, expressou condolências; Netanyahu pediu uma atuação firme "contra os terroristas e a infra-estrutura que utilizam".
Os conflitos por causa do assentamento voltaram a acontecer ontem, horas antes do atentado de Tel Aviv. Em Hebron, palestinos apedrejaram soldados israelenses em protestos contra o assentamento. Não houve feridos graves.
Três palestinos que haviam sido detidos acabaram liberados por soldados israelenses quando estes foram apedrejados.

Texto Anterior: Jornalista é morto a tiros na Colômbia; Holanda acha primeiro caso de "vaca louca"
Próximo Texto: Explosão faz mãe e bebê de seis meses se separarem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.