São Paulo, sábado, 22 de março de 1997
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Imaginação fértil; Competência exclusiva; Candidatura; Caso dos precatórios; Vale; Hipocrisia

Imaginação fértil
"O colunista Luís Nassif, longe de trabalhar com fatos, exercita sua fértil imaginação na coluna de 21/3 para compor uma peça do teatro do absurdo, na tentativa de envolver Paulo Maluf com a questão dos precatórios, por meio de vagas e infundadas ilações.
Ao exumar, por exemplo, o caso Pau Brasil, que além de morto e enterrado jamais atingiu o então prefeito Paulo Maluf, que na época nem sequer foi chamado a depor pelas autoridades, Nassif contraria uma recomendação que ele próprio tem feito à CPI dos títulos públicos, qual seja a de que agir levianamente e acusar sem provas é o caminho mais curto para que nada seja apurado e tudo acabe em pizza.
Se a preocupação de Luís Nassif é a de evitar a pizza, cabe registrar aqui, na ausência de Paulo Maluf do país, por meio de sua assessoria de imprensa, alguns lembretes:
1) o caso Pau Brasil foi remetido à Justiça Eleitoral sem jamais ter envolvido a pessoa de Paulo Maluf;
2) 'denúncias' em licitações da prefeitura por parte de empresas que perderam concorrência foram e são corriqueiras, mas as decisões judiciais e o Tribunal de Contas do Município jamais apontaram, ao contrário, qualquer irregularidade desse tipo na recente gestão Maluf na prefeitura;
3) a Prefeitura de São Paulo, principalmente na última gestão, desenvolveu diversas iniciativas administrativas, da privatização da ex-CMTC ao Projeto Cingapura, cujo know-how foi solicitado por diversas outras prefeituras, que foram atendidas como igualmente foram aquelas que pediram informações sobre emissão de títulos públicos.
Conclusão: tirar desses fatos qualquer ilação para vincular Paulo Maluf aos precatórios, que, aliás, durante sua gestão foram pagos rigorosamente em dia como em dia estão agora na gestão do prefeito Celso Pitta, além de confundir a opinião pública e a própria CPI também permite estabelecer o vínculo entre o colunista e os adversários políticos de Maluf, dispostos a tudo para afastar uma possível candidatura presidencial de Paulo Maluf em 98."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Luís Nassif - 1) O fato de Maluf não ter sido envolvido penalmente no episódio Pau Brasil (cujos recursos passavam pela Split, que agora aparece nos precatórios) não anula a evidência de que esse era o esquema de arrecadação de fundos para sua campanha.
2) A coluna mencionou a licitação dos radares -vencida pela Engebrás, controlada pela Split- como mais uma evidência das relações próximas da corretora com a prefeitura. Extrapolou apenas ao supor que os recursos poderiam ter sido canalizados para capitalizar a Engebrás.
3) A coluna apenas sugeriu que a CPI investigue se o esquema de precatórios participou ou não da comercialização dos papéis de prefeituras assessoradas pela Prefeitura de São Paulo.
4) Meu ex-chefe Laranjeira teria me demitido se eu falasse em aguardar 18 meses para comentar fatos que estão ocorrendo neste momento com um dos principais homens públicos do país.

Competência exclusiva
"Reportamo-nos à reportagem 'Receita converte R$ 1,2 bi de depósitos judiciais em 96' (16/3) para esclarecer que as conversões em renda da União de tributos depositados judicialmente são atos judiciais praticados exclusivamente pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
Nos termos da portaria MF 187/96, do ministro da Fazenda, este órgão está empreendendo ações específicas nessa área, tendo gerado um crédito tributário convertido da ordem de exatos R$ 2.831.124.734,96 em todo o Brasil, sendo que R$ 1.127.845.882,41 somente no Estado de São Paulo, no ano passado.
Nesse sentido, a participação da Secretaria da Receita Federal é subsidiária à ação da Procuradoria da Fazenda Nacional, circunscrevendo-se à conferência da suficiência dos depósitos e cobrança de eventuais diferenças, acaso verificadas."
Fernando Hugo de Albuquerque Guimarães, procurador-chefe, e Paulo Sérgio Augusto da Fonseca, procurador-chefe da Divisão de Assuntos Judiciais, da Procuradoria da Fazenda Nacional/SP (São Paulo, SP)

Candidatura
"A respeito da reportagem sobre a CUT assinada pela repórter Shirley Emerick, publicada em 12/3, esclarecemos que não lançamos em qualquer momento nossa candidatura à presidência da Central Única dos Trabalhadores, embora tenhamos recebido com satisfação a citação de nossos nomes pelo presidente da CUT, Vicentinho, em recente entrevista coletiva.
Esclarecemos ainda que não fomos procurados pela repórter e reafirmamos nossa disposição, bem como da diretoria da Apeoesp, de continuar participando de todas as discussões sobre o futuro da Central baseadas em propostas e idéias e não apenas visando candidaturas aos cargos diretivos da entidade."
Roberto Felício, presidente da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), e João Antonio Felício, da Executiva Nacional da CUT -Central Única dos Trabalhadores (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Shirley Emerick - A reportagem não diz que Roberto Felício e João Felício lançaram suas candidaturas. Diz que são pré-candidatos. A informação foi dada pela direção da CUT.

Caso dos precatórios
"O massacre de toda a imprensa contra o prefeito Celso Pitta é constrangedor.
A arrogância, a ignorância e a omissão de senadores são revoltantes.
Receio que os resultados da CPI vão receber o prêmio do 'tiro pela culatra'.
A imprensa e o Senado precisam ser passados a limpo."
Irede Cardoso (São Paulo, SP)
*
"Ao sr. Duda Mendonça: o sr. vendeu Celso Pitta à população de São Paulo como se fosse um produto!
A durabilidade do produto foi de apenas 90 dias! Não seria legítimo a cidade acioná-lo no Procon por propaganda enganosa?"
Tarcisio de Paula Pinto (São Paulo, SP)

Vale
"Mesmo sem acreditar no que poderá acontecer, eu pergunto: vão mesmo deixar Fernando Henrique Cardoso sacrificar a Vale?
Espero que vossos filhos não tenham vergonha de vós no futuro."
Antonio Caldas (São Luís, MA)

Hipocrisia
"Finalmente alguém descreve de modo claro e inequívoco o absurdo que é a linha editorial da Folha em se tratando do MST, do PT e da oposição em geral.
Que o 'Painel do Leitor' abra democraticamente espaço para que os leitores parabenizem o artigo de José Dirceu, de 18/3.
Chega de hipocrisia."
Filipe Ceppas de Carvalho e Faria (Rio de Janeiro, RJ)

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