São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Filme retrata filhos do casal executado

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Talvez a mais famosa descrição artística do caso Rosenberg seja o filme "Daniel" (1983), de Sidney Lumet, baseado no livro "The Story of Daniel", de E. L. Doctorow, autor do roteiro da fita.
"Daniel" mostra a tragédia dos Rosenberg do ângulo dos filhos. No cinema, Michael se chama Daniel (Timothy Hutton) e Robert é transformado numa menina, Susan (Amanda Plummer). Como na vida real, os dois vivem com diversa famílias e são utilizados pelo Partido Comunista em manifestações políticas até serem adotados.
Já adultos, eles lutam para entender e se ajustar ao que aconteceu com os pais. Os Rosenberg foram os primeiros e únicos civis executados por espionagem nos EUA.
Os verdadeiros Michael e Robert Meeropol criaram a Fundação Rosenberg, um fundo para ajudar crianças que, como eles, tenham tido os pais presos, mortos ou politicamente perseguidos.
A Fundação Rosenberg foi estabelecida com 7.200 doações que somaram US$ 410 mil. A maioria dos contribuintes eram pessoas para quem os Rosenberg haviam sido vítimas do ambiente histérico que imperava nos EUA nos anos 50, durante o auge da Guerra Fria.
Na década de 70, Michael e Robert Meeropol tentaram por todos os meios reabrir o caso dos pais. Não tiveram sucesso. Também acionaram sem êxito o governo para que fossem tornados públicos documentos secretos sobre o caso.
Quando em 1995, afinal, os documentos do projeto Verona puderam ser consultados, os Meeropol não os consideraram conclusivos sobre a culpabilidade dos pais.
Robert acusou a CIA de ter "cozinhado" informações para justificar as acusações contra os Rosenberg e ainda ter esperanças de poder limpar os seus nomes.
O principal historiador que analisou os documentos do projeto Verona, David Kahn, diz que eles "não deixam dúvida de que os Rosenberg espionaram para a União Soviética", embora reconheça que eles também confirmam a pequena relevância dos dois entre os informantes que os soviéticos tinham nos EUA e o fato de o processo e condenação de Ethel Rosenberg terem sido utilizados pelo governo como instrumento para pressionar Julius a entregar nomes de outros agentes soviéticos.
(CELS)

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