São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 1997
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POBRES SEM-BANCO

Na semana passada, o Banco Central manteve a tendência de queda das taxas de juros básicos da economia. A TBC (Taxa Básica do Banco Central) foi fixada em 1,58% para abril, mantendo a trajetória de queda de 0,04 ponto percentual a cada mês que vem sendo seguida desde outubro do ano passado. No mesmo sentido aponta a TBAN (Taxa de Assistência do Banco Central), que regula o redesconto, fixada em 1,78% -queda de 0,02 ponto percentual com relação a fevereiro.
Também na semana passada, veio a público outra informação relativa ao mundo das taxas de juros. As taxas cobradas pelos bancos no cheque especial e nos empréstimos pessoais subiram em março, na comparação com o mês anterior, segundo pesquisa do Procon de São Paulo junto a 13 instituições financeiras. De acordo com o levantamento, a taxa média cobrada no cheque especial subiu de 9,82% em fevereiro para 9,91% em março. Em algumas instituições, os juros chegam a 13,80% ao mês.
Na hipótese de o cidadão precisar de um empréstimo pessoal, terá de se haver com taxas da ordem de 6,25% em março (elas eram de 6,12%, em média, em fevereiro).
Como explicar a discrepância entre, de um lado, as taxas básicas e, de outro, as taxas cobradas no mercado?
Há de tudo um pouco nas análises dos especialistas: custos tributários, como a CPMF, recolhimentos compulsórios ou mesmo a hipótese de concorrência crescente entre bancos, os quais, para oferecer mais, também cobrariam mais.
Nenhuma dessas hipóteses, entretanto, parece suficiente para justificar tamanha discrepância entre as taxas básicas de juros e o que se cobra de cidadãos e empresas.
Principalmente quando se lembra que, nos últimos meses, os bancos têm sido ávidos tomadores de recursos no exterior. Tais recursos, que custam ainda menos, alimentam a ciranda do crédito usurário praticado hoje pelos bancos brasileiros.
Pobres dos "sem-banco".

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