São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Justiça condena 4 por crime do Bodega

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça condenou quatro acusados do crime do bar Bodega a penas de 23 a 48 anos de reclusão.
O assalto à choperia Bodega, em Moema (zona sul de São Paulo), aconteceu em 10 de agosto de 1996. Foram mortos o dentista José Renato Tahan e a estudante de odontologia Adriana Ciola e ferido a tiros Milton Bertolini Neto.
O caso tem seis acusados. Além dos quatro condenados -entre eles uma mulher-, há um foragido e outro preso recentemente.
O taxista Francisco Ferreira de Souza ainda não foi localizado e Antônio Jeomar Livino, o Alemão, foi preso há dez dias. Por isso, ainda aguarda provável julgamento.
O juiz da 18ª Vara Criminal de São Paulo José Ernesto de Mattos Lourenço condenou Sandro Márcio Olimpio, Sivanildo Oliveira da Silva e Sebastião Alves Vital a 48 anos de reclusão e Zeli Salete Vasco, a 23 anos e três meses.
Eles foram condenados pelo crime de duplo latrocínio (roubo seguido de morte) -crime julgado por juiz singular e não pelo júri.
O juiz Lourenço criticou, em sua sentença, a atuação inicial da polícia no caso e elogiou o trabalho do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Ele disse ter havido uma "dicotomia" entre as duas atuações da polícia.
No entanto, mais adiante, cobrou do Ministério Público mesmo vigor no acompanhamento do inquérito policial que apura a denúncia de tortura por policiais.
"Não consta, todavia, que idêntica preocupação (a de designar o promotor Eduardo Araujo da Silva para acompanhar o inquérito policial dos assassinos do dentista e da estudante) tenha despertado a necessidade de designar outro ou mesmo membro do Ministério Público para acompanhamento do inquérito destinado a apurar a responsabilidade dos policiais envolvidos na farsa", escreveu o juiz.
Quinze dias depois do assalto, a polícia prendeu nove supostos acusados do crime. Dois meses depois, essas nove pessoas -entre elas, menores- foram soltas após o Ministério Público alegar falta de provas para acusá-las e suspeita de que as confissões foram obtidas por meio de torturas. Só então surgiram os novos suspeitos.
O Ministério Público acusou policiais do 15º DP, no Itaim (zona oeste), da suposta tortura. O então delegado-titular do 15º DP, João Lopes, foi afastado da delegacia. Ele nega as denúncias de tortura. O caso passou para o DHPP, que prendeu os novos acusados.
"Ao lado da investigação séria, criteriosa e persistente dos policiais do DHPP, que certamente devem representar motivo de orgulho para a instituição, surge um verdadeiro mar de lama para macular a conduta dos policiais do 15º DP", escreveu o juiz Lourenço.

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