São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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TV perde mais uma oportunidade no futebol

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, a essa hora deve estar sendo resolvida -se é que já não foi resolvida- a questão dos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro.
A bola foi passada pelo Clube dos 13 à Rede Globo, que precisa decidir se cobre ou não a proposta em dinheiro feita pelo SBT (algo em torno de R$ 150 milhões por três anos).
Mas a esperta proposta do SBT não é apenas financeira.
Como noticiou ontem Maria Lucia Rangel na sua coluna de TV, na Ilustrada, a proposta do SBT oferece, entre outras coisas, a transmissão ao vivo de jogos do Campeonato Brasileiro às terças e quintas, no horário entre 20h30 e 21h.
A proposta é atrativa para os clubes, pois eles dão maior exposição aos seus times e aos seus patrocinadores.
Por seu lado, o SBT trabalha como a falta de mobilidade da grade de programação da Rede Globo, que tem dificuldades para mostrar tantos jogos no horário nobre durante a semana.
Para complicar a situação, a proposta do SBT ficou publicamente conhecida e, a menos que a Globo faça uma oferta superior em termos financeiros e de maior visibilidade para os jogos, ficará muito difícil para o Clube dos 13 -que está na estratégia correta de valorizar o seu produto- justificar um eventual não negócio com a emissora de Silvio Santos.
No caso da Globo, uma outra questão se coloca. A negociação sobre os direitos dos jogos, como tantos outros negócios da Rede Globo, passou também para a supervisão de Marluce Dias da Silva.
Até onde esta coluna apurou, a superadministradora da rede Globo não gostou muito do que farejou sobre as negociações sobre os direitos do Campeonato Brasileiro no passado.
Ela, até pouco tempo, não havia encontrado explicações convincentes sobre o grande aumento na cota dos patrocinadores da emissora, que passaram de cerca de R$ 15 milhões, em 96, para R$ 25 milhões, em 97, sem que nenhum evento especial justificasse a diferença.
Pessoas próximas à Rede Globo comentam que, se Marluce Dias da Silva investigar bem, ela chegará à CBF. E aí está todo o nó da questão.
Em tese, o Clube dos 13 tem autonomia para negociar os direitos de transmissão dos jogos, mas não tem autonomia para organizar o campeonato nem a programação das partidas, que continua com a CBF.
Como é amplamente conhecido, por vários motivos, a CBF e a Rede Globo sempre se acertam no final das contas.
Esse é o histórico para se entender a razão pela qual nem sempre a razão estará na mesa de negociações dos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro pelas TVs.
Mas esse setor tem até amanhã para resolver a questão dos direitos dos jogos, se é que já não encontrou a solução, pois existe prazo e pressão dos patrocinadores.
A televisão pode mudar o futebol no Brasil. Uma boa crise pode ser um bom começo.

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