São Paulo, terça-feira, 25 de março de 1997
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Torcida clonada

MELCHIADES FILHO

Hoje, todos os 29 ginásios da NBA apresentam fogos de artifício, balé de raio laser, videoclipes, hit-parade musical, dançarinas seminuas...
O torcedor pode se divertir. Mas a distração é tamanha que muitas vezes o sujeito acaba sem saber no que prestar atenção, dentro ou fora da quadra.
Essa discussão ressurgiu no fim-de-semana, com a revelação de um novo truque para agitar os ginásios.
Um dos times mais chinfrins da liga norte-americana ( apenas em 13º entre os 15 da Conferência Leste), o New Jersey Nets vinha encontrando dificuldades para empolgar os seus fãs.
Nos últimos campeonatos, não houve efeito especial capaz de reverter o clima de velório em sua sede.
Imagine então a agonia de seus proprietários antes desta temporada, que marcaria a inauguração de um novo, maior e mais caro ginásio.
Por isso, em vez de esperar com paciência o carinho do público pagante, os Nets resolveram "clonar" uma supertorcida, sempre fiel.
Desde o começo do torneio, os alto-falantes do Continental Airlines Arena bombardeiam gritos, lamentos, vaias, aplausos, uaus!, uuus!, tudo falso.
Ninguém havia percebido a picaretagem até o dia 14, na partida contra o Chicago.
O operador de som confundiu-se nos últimos segundos, e, em vez de festejar, o ginásio "vaiou" a cesta que resultou na vitória (brilhante e inesperada) sobre os visitantes.
Depois de uma semana de mistério, o técnico John Calipari admitiu a claque eletrônica. "Isso é humilhante, sempre fui contra", declarou.
A vergonha não pára aí. Parece que os sons da torcida artificial nem foram colhidos na casa dos Nets, e sim clonados de outras arenas da NBA.
Coube ao armador Kevin Edwards o desabafo mais indignado: "Meu esporte virou um programa de auditório".

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