São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997
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Interior lidera denúncia de prostituição

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Os primeiros resultados do programa nacional "Disque Denúncia Prostituição Infanto-Juvenil", lançado pelo governo em fevereiro, apontam os Estados de São Paulo, Bahia, Rio e Ceará como os campeões das denúncias.
Os dados mostram um grande número de denúncias feitas de cidades do interior dos Estados. São Paulo, por exemplo, que aparece como o campeão do levantamento (116), teve 70% das denúncias do interior e apenas 30% da capital.
A iniciativa de montar um telefone (0800-990500) para denúncias de casos de prostituição infanto-juvenil (exploração sexual de menores de 18 anos) foi do Ministério da Justiça e da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo).
Preocupadas em combater a prática do turismo sexual -em que estrangeiros viajam para o Brasil para se relacionar com mulheres de programa-, as autoridades lançaram o telefone em fevereiro.
O telefone para as denúncias gratuitas e anônimas foi centralizado no Rio, na sede da ONG (organização não-governamental) Abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência).
O médico e deputado estadual Lauro Monteiro (PSDB-RJ), que preside a Abrapia, disse ter se surpreendido ao constatar, a partir das denúncias, que o turismo sexual com menores é apenas um dado do problema.
Segundo ele, o item turismo sexual não chegou a 10% das 545 denúncias feitas de 5 de fevereiro a 25 de março. "Vimos que o turismo sexual é importante, mas a prostituição infantil interna é o grande problema", disse.
Monteiro afirmou ter ficado também surpreso com o número de denúncias vindas de São Paulo, principalmente do interior. A Bahia teve 69 casos relatados, o Rio de Janeiro 64 e o Ceará, 46.
O presidente da Abrapia imaginava que as denúncias ficariam concentradas nas cidades litorâneas, mais frequentadas por turistas. Mas, na somatória geral, a maioria dos telefonemas foi dada de cidades do interior do país.
As denúncias são repassadas para ONGs e/ou autoridades governamentais. Segundo Monteiro, muitas pessoas reclamam que não adianta falar com as polícias dos Estados, que conhecem os casos relatados e nada fazem.
Segundo Monteiro, para o programa "pegar" tem de haver o apoio da mídia, da sociedade e, principalmente, das autoridades de segurança. "Se as autoridades não fizerem o que tem que ser feito, daqui a pouco ninguém denuncia mais."
Para ele, a prostituição infantil tem aumentado, entre outros motivos, por causa da Aids. "As pessoas pegam crianças porque se sentem mais garantidas."

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