São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997
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Ex-banqueiro Andrade Vieira quer reaver bens na Justiça

WILSON SILVEIRA; WILLIAM FRANÇA

WILSON SILVEIRA
Coordenador de Edição da Sucursal de Brasília
O senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR), ex-controlador do Bamerindus, pensa em questionar na Justiça a decisão do Banco Central de colocar seus bens em indisponibilidade.
Andrade Vieira teve ontem uma reunião preliminar com seus advogados, no Rio, quando lhes entregou a documentação sobre a intervenção no Bamerindus e sua venda ao Hongkong and Shangai Banking Corporation.
Os advogados vão analisar a extensão da decisão do BC e "traçar linhas de ação", disse o senador.
Em princípio, Andrade Vieira acha que não haveria razão para seus bens ficarem indisponíveis porque ele está afastado da gestão do banco desde 1990. Ele era, junto com sua família, o maior acionista.
Andrade Vieira disse que apresentou ao BC propostas de quatro possíveis compradores -os bancos Safra, Itaú, Graphus e BCN.
O senador, que vinha procurando comprador para o Bamerindus havia um ano, disse que preferia vender a um grupo brasileiro.
Ele disse que sempre criticou a política adotada pelo Banco Central, de separar a parte boa da parte ruim, pelo fato de o prejuízo ficar com o Tesouro Nacional.
"Me causou espécie", repetia o senador, referindo-se à solução. Primeiro pelo fato de a decisão ter "demorado um ano" e depois pelo fato de o comprador escolhido ser estrangeiro.
A compra do Bamerindus pelo HSBC estava certa desde o fim da semana passada. O novo banco já tinha até logomarca, em que as iniciais do banco inglês são associadas ao nome Bamerindus.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse ontem que a conversa do presidente Fernando Henrique Cardoso com Andrade Vieira, logo após o anúncio da intervenção no Bamerindus, "foi uma conversa entre amigos".
"O presidente mantém a mesma consideração que sempre teve pelo senador, de quem é amigo há muito tempo, e entende que, de forma alguma, a decisão do Banco Central afeta a honorabilidade do senador", disse Amaral. "Até porque o senador estava afastado do comando do banco."

Colaborou WILLIAM FRANÇA, da Sucursal de Brasília

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