São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997
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Delfim critica concessão de subsídio a banco estrangeiro

Aloizio Mercadante ataca a "lentidão" do Banco Central

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-ministro Delfim Netto acha que a demora do Banco Central no caso do Bamerindus teve um preço alto, sob a forma de "elevado subsídio a um banco estrangeiro".
"Se um ano atrás o BC tomasse a decisão correta, teria dado a um grupo nacional menos dinheiro do que está dando hoje ao HongKong and Shangai Banking Corporation", diz o deputado Delfim Netto (PPB-SP).
"A taxa de retorno, no futuro, vai ser espantosa, sob a forma de dividendos para o exterior", diz.
Para Delfim, "o Proer é absolutamente necessário, mas serve de capa para o governo não ter que declarar que quem mais precisa do programa é o próprio governo".
"O Proer é uma necessidade, para não deixar o sistema bancário quebrar e para proteger os depositantes. Mas se o sistema bancário sofresse um abalo, o governo não teria como financiar sua dívida."
CPI do Proer
A lentidão do BC também foi criticada pelo economista e ex-deputado Aloizio Mercadante, do PT (Partido dos Trabalhadores).
"O país já comprometeu R$ 20 bilhões para amenizar a crise bancária, que é consequência da inadimplência e da política de juros. O dinheiro que está indo para os bancos está faltando para a saúde, para a educação e para os meninos de rua", diz Mercadante.
Mercadante propõe uma "CPI do Proer, para investigar o socorro aos bancos privados e saber o que aconteceu com o patrimônio dos controladores do Bamerindus durante o último ano".
"É preciso investigar a denúncia do senador José Eduardo de Andrade Vieira, de que várias propostas de acordo vazaram", diz.
Para o economista do PT, "os bancos deveriam definir uma política de seguro, em que a lucratividade financiaria um fundo de estabilização do sistema".
"Os balanços dos bancos são fantásticos em taxas de retorno. E é inaceitável que, toda vez, o contribuinte sustente a crise do setor", diz Mercadante.
Para o economista Adroaldo Moura da Silva, presidente da CPA (Companhia Paulista de Ativos), "o BC tem a responsabilidade de cuidar da solidez do sistema financeiro. O problema é saber se o custo é excessivo".

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