São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997
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Judô está no caminho certo para Sydney-2000

HENRIQUE GUIMARÃES
ESPECIAL PARA A FOLHA

O judô brasileiro está no caminho certo. A prova disso é a reeleição do Mamedinho (Joaquim Mamede de Carvalho e Silva Júnior) na Confederação Brasileira de Judô.
Não gosto de me envolver na política, mas sei que o fato de não ter adversários ou oposição significa que a maioria concorda com a política.
O judô está evoluindo em vários aspectos. A parte estrutural, a mentalidade dos dirigentes, mudanças baseadas em estudos. Na prática, o esporte está ficando mais profissional.
A CBJ deve empregar esforços para selecionar as competições de que devemos participar. Chega um estágio na carreira do atleta em que ele acaba sofrendo um desnecessário desgaste físico e mental.
Não precisa mais fazer muitas viagens para pegar experiência. É preciso selecionar competições importantes, aquelas que realmente tenham um motivo para participar.
É isso que tenho feito. Desde que participei da Olimpíada, lutei em sete torneios. Não havia possibilidade de deixar de disputar nenhum deles, porque eram competições como o Pan-Americano, o Sul-Americano ou os Jogos Abertos.
O difícil é montar uma seleção permanente, como alguns chegaram a propor. Você nunca sabe quem vai estar apto a lutar nos Jogos de Sydney, em 2000, por exemplo.
*
A CBJ pode investir num atleta, apostar e, de repente, o judoca se machucar ou não conseguir competir bem.
Acho que a lógica de hoje é correta. Você investe em quem está se destacando.
As pessoas estão olhando com mais atenção para o esporte hoje. Eu, por exemplo, agora consigo me dedicar exclusivamente aos treinos. Com o apoio de meus patrocinadores (Reebok, Bovespa e o Palmeiras), posso pensar somente na carreira de atleta.
Isso é bom e não tem acontecido só comigo. Há um investimento nos principais nomes e são grandes as chances de o Brasil conseguir, cada vez mais, bons resultados em torneios internacionais.
*
Há um pensamento, com o qual não concordo: que o judô estaria perdendo espaço para o jiu-jitsu. Mas essa modalidade está cativando mais adolescentes e adultos, não crianças.
O judô é um esporte disputado basicamente no solo, no chão. Isso é muito fácil para a criança aprender. No jiu-jitsu, os atletas aprendem muitos exercícios praticados em pé. Demora mais para pegar a técnica, é necessária mais dedicação e em mais tempo.
Acho que o judô vai continuar sendo a modalidade preferida pelos mais novos durante um bom tempo.
O reflexo dessa situação pode ser visto na própria seleção brasileira. Dos principais judocas do Brasil, somente Aurélio Miguel e eu estamos um pouco acima da média etária dos outros. A maioria dos judocas que participam de competições tem cerca de 21 anos.
Na próxima Olimpíada, terei 27 anos, e a maioria da equipe, acredito, estará com média de 24 anos. A equipe vai estar muito jovem. Aliando o pensamento profissional que a CBJ está tentando implantar com a técnica dos brasileiros, prevejo grande sucesso na Austrália.

Henrique Serra Azul Guimarães, 24, conquistou medalha de bronze na categoria meio-leve na Olimpíada de Atlanta

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