São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Restauração custou US$ 1 milhão

ADRIANE GRAU
ESPECIAL PARA A FOLHA,

em San Francisco
Quase quarenta anos se passaram desde que "Um Corpo que Cai", de Alfred Hitchcock, chegou aos cinemas americanos mostrando a trama de obsessão, paixão e espiritismo que se desenrola em San Francisco.
O negativo original em VistaVision estava tão deteriorado que a Universal Stúdios resolveu investir US$ 1 milhão para restaurá-lo.
O filme ficou pronto no ano passado graças ao trabalho meticuloso da dupla de restauradores Robert A. Harris e James C. Katz, também responsáveis por recuperações de filmes como "Lawrence da Arábia", "Spartacus" e "My Fair Lady" .
"Foi literalmente um trabalho quadro a quadro", afirma Harris.
O filme que entra em cartaz hoje mostra as cores e sons idealizados pelo mestre do suspense.
Como o original tinha perdido qualidade, os restauradores fizeram uma extensa pesquisa para encontrar elementos da época. "Conseguimos uma lasca da pintura original do Jaguar verde que Kim Novak dirige", conta Katz. "Por sorte, encontramos também o vestido que ela usa na segunda parte da trama."
"Só alguém sozinho fica vagando", sussurra Madeleine (interpretada por Kim Novak) a certa altura do filme. "Dois estão sempre indo a algum lugar."
Em passagens como esta, Hitchcock queria mostrar a beleza da cidade ao fazer o filme, em 1957.
Por isso, os personagens Scottie (interpretado por James Stewart) e Madeleine/Judy (Novak) passeiam por pontos turísticos como a vermelha ponte Golden Gate, o rosado Palace of Fine Arts e o monumental museu Palace of Legion of Honor. Tal colorido aparece exuberante na nova cópia.
A filha do diretor, Pat Hitchcock, herdou do pai os direitos sobre os filmes do mestre do suspense.
"Hoje em dia os jovens são mais sofisticados e vão entender melhor o maravilhoso trabalho de Kim Novak", afirma ela.
Segundo os restauradores Katz e Harris, mais da metade dos filmes feitos no apogeu do cinema está ameaçado de desaparecer. Por isso, eles dizem se dedicar a salvar clássicos.
O projeto de recuperação da obra de Hitchcock começou há 12 anos, quando a Universal programou uma mostra itinerante de seus filmes.
"Percebemos que os negativos estavam empalidecendo e desistimos daquele projeto para começar as restaurações", afirma James Katz.
"Escolher 'Vertigo' foi virar as costas para centenas de outros filmes que não tem mais salvação."
O trabalho da dupla de restauradores foi premiado pela Sociedade Nacional de Críticos de Filmes em janeiro nos Estados Unidos.
Lucro mundial
"Um Corpo que Cai" já engordou os cofres da Universal com US$ 1,8 milhão quando foi mostrado em 62 cinemas ao redor dos Estados Unidos.
Além de entrar em cartaz no Brasil, o filme está sendo mostrado na França e na Alemanha, onde lucrou outros US$ 140 mil.

Texto Anterior: Saiba quem foi Hitchcock
Próximo Texto: Kim Novak elogia cineasta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.