São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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"Arte degenerada" ganha catálogo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um catálogo de milhares de obras de arte roubadas ou desaparecidas, chamadas de "arte degenerada" pelos nazistas, está no museu Victoria and Albert, de Londres, entregue pela viúva de um marchand. A doação foi noticiada ontem.
O inventário foi elaborado pelos nazistas provavelmente no final dos anos 30, quando decidiram eliminar todas as manifestações artísticas que não correspondessem estética ou ideologicamente à ideologia do Terceiro Reich.
Segundo o jornal inglês "The Independent", especialistas consideram que o catálogo -composto de dois grossos volumes- pode ser a primeira compilação completa de todas as obras condenadas pelo regime nazista, que as consideravam obscenas e subversivas.
O catálogo, que foi elaborado pelo Ministério da Propaganda nazista, chefiado por Joseph Goebbels, contém anotações sobre as obras que deviam ser vendidas ou destruídas, com os nomes dos intermediários e os valores pagos.
Na extensa lista estão obras expressionistas e abstratas, muitas produzidas por artistas judeus.
Mas figuram também quadros do pintor holandês Vincent Van Gogh e de Pablo Picasso, que teve seu "O Bebedor de Absinto" condenado pelo governo alemão da época.
"O Bebedor" fui retirado de um museu de Hamburgo e vendido por 24 mil francos suíços.
O catálogo conta também que uma cópia do livro "Klange", de Vassily Kandinsky (com uma tiragem de apenas 300 exemplares), foi retirada da museu de Hannover e destruída.
Mas um dos mais curiosos aspectos do catálogo é a lista de compras realizadas pelos próprios oficiais nazistas de "obras degeneradas".
Na listagem aparecem três referências relativas a pinturas de Van Gogh. Entre os compradores está Herman Goering, um dos mais destacados auxiliares de Hitler.
Uma das obras de Van Gogh que figuram na lista é "Doutor Gachet".

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