São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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FRASES

"Chego a um canto e fico olhando sem saber nada. Se souber ler, me acho feliz. Como cidadã brasileira tenho esse direito."
Maria de Fátima Lemos, 31, aluna em Envira

"Me sinto envergonhada de o índice de analfabetismo no município ser tão alto. Faço uma comparação: o analfabeto é igual a um cego, que você guia para onde quiser."
Enizete Moura de Oliveira, 25, alfabetizadora em Pauini

"Por um dia fomos funcionários dos Correios para liberar o material e não atrasar em mais uma semana o início do programa."
José Bezerra Tavares Filho, 28, alfabetizador em Envira

"A gente cortava seringa na época em que a borracha dava dinheiro. Meu primeiro bilhete eu vou mandar para minha mãe no Acre."
Antonio Almeida Bessa, 33, aluno em Pauini

"Em 92 estava no seminário e comecei a fazer poesia e música. Gosto de Machado de Assis e Castro Alves, mas não leio porque aqui não tem biblioteca, só tem livro didático e enciclopédia."
João Luiz Silveira da Rocha, alfabetizador em Envira

"Tenho seis irmãos e só um estuda. Os outros não têm registro para se matricular."
Raimundo Pereira de Sousa, 12, aluno em Pauini

"Gostei do mar. Tinha muita curiosidade de chegar àquela água esquisita. Eu sabia que era salgada, mas não imaginei que fosse tanto."
Maria Jossandra Pinheiro Wanderley, 18, alfabetizadora em Envira

"O interior é desorganizado. Se a criança não tiver registro, não estuda. Se for mais feia, não estuda. Se for descalça, não estuda."
Maria de Fátima Gonçalves dos Santos, 30, aluna em Pauini

"Passamos 35 anos praticamente isolados. O transporte aéreo é irregular e o fluvial é demorado. Temos um posto dos Correios, mas não temos posto da Receita Federal. O governo federal praticamente não existe em Envira."
Rômulo Barbosa Mattos, 31, prefeito de Envira

"Espero voltar para São Paulo. Queria estudar e me formar em direito. Não tem advogado em Envira. Queria estudar lá para ser juiz aqui."
Valdeusmar de Freitas Linhares, 18, alfabetizador em Envira

"Casei com 15 anos. Aqui não tem nada para fazer. Não existe nenhuma opção de vida."
Rosélia Castro Cláudio, 23, alfabetizadora em Envira e mãe de quatro filhos

"Nunca entrei numa sala de aula."
Ivone Pereira de Sousa, 33, que estuda na mesma classe que seus filhos Raimundo, 12, e Adelson, 14, em Pauini

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