São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Moléstias degenerativas atacam sistema nervoso de animais

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Descobertos por volta de 1970, os viróides são moléculas muito menores do que os vírus, constituídas por mínimos fragmentos de ácido ribonucléico e capazes de causar doença em vegetais. Essa descoberta incentivou cientistas a procurar elementos semelhantes causadores de doença em seres humanos e animais, especialmente do grupo das moléstias chamadas vírus lentos por seu grande período de incubação.
Essas moléstias degenerativas do sistema nervoso abrangem, entre outras, o "kuru", as doenças de Creutzfeldt-Jacok e Gerstmann-Schlaussler e o "scrapie" de ovinos e caprinos. Em 1982, Stanley B. Prusinger, da Universidade da Califórnia em San Francisco, estabeleceu o conceito de príon para os agentes dessas doenças.
Trata-se de partículas subvirais cujos aminoácidos, em vez de formar segmentos como os das proteínas normais, e apesar de serem os mesmos destas, constituem lâminas chatas que, em contato com os ácidos normais, lhes transmitem a forma laminar, que vai se propagando por todo o sistema nervoso.
Foi um grande triunfo para a noção de príons a transmissão do "scrapie" a pequenos roedores, especialmente o hamster.
Todas as doenças referidas foram atribuídas a príons, que passaram a ser muito investigados. A mais recente doença atribuída aos príons foi a chamada doença da vaca louca ou encefalopatia esponjiforme bovina pelo aspecto que o cérebro adquire.
A doença da vaca louca começou a ser grave problema na Inglaterra em 1986, quando surgiu em focos isolados, que logo se espalharam por todo o país, causando centenas de milhares de mortes de cabeças de gado bovino. A doença só foi declarada extinta dez anos depois.
A moléstia é contraída pela ingestão de alimento processado a partir de carcaças e órgãos enfermos, mas também pode se originar de um único príon por mutação genética. A doença ataca o homem, que pode contrair, pela ingestão de carne bovina infectadam enfermidade nervosa degenerativa mortal.
Nem todos aceitam a hipótese priônica de Prusinger para a encefalopatia espongiforme.
Na verdade ela sofreu grave abalo com experiência publicada na revista "Science": camundongos inoculados com material de origem nervosa da encefalopatia adoeceram e morreram todos. Entretanto apenas em menos da metade deles se encontraram príons.
Prusinger explica o fato pela eventual inadequação do método de identificar a proteína do príon.

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