São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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o problema da enurese

FRANCISCO B. ASSUMPÇÃO JR.

Seu filho fez dois anos e você procura uma escola maternal. Ao conversar com a orientadora, vem a pergunta: "Ele não precisa mais usar fraldas, né?" Você morre de vergonha e ouve que, nessa idade, é básico que o seu filho seja capaz de pedir para ir ao banheiro sozinho.
Preocupada, você começa a pensar que seu filho precisa de um especialista. Mas vejamos. Enurese é a falta de controle sobre a emissão de urina -de dia ou noite- numa idade em que se espera que haja maturidade para tal controle.
A criança em geral adquire esse controle entre um ano e meio e três anos de idade, e o fato só é considerado patológico se continuar depois dos cinco ou seis anos.
Autores apontam várias causas para o distúrbio. A genética e a maturação, tanto neurológica quanto física, podem influenciar. Causas urológicas, como infecções urinárias, devem ser consideradas.
Finalmente, os famosos fatores psíquicos podem estar envolvidos. Mas não fique procurando culpas ou incapacidades maternas: o problema pode ser de treino inadequado ou ambiental, tal como o nascimento de um irmão. Nesse caso encontra-se a maioria das crianças com enurese secundária -quando a criança já controla a emissão mas passa a ter o distúrbio.
Mas não se desespere: a enurese é um quadro com tratamentos que vão de técnicas de treinamento a utilização de medicamentos por um período de tempo. Muitos especialistas sugerem que uma abordagem psicoterápica seja efetuada, uma vez que o fenômeno mexe com a auto-estima da criança e com seu relacionamento sócio-familiar.
é diretor do serviço de psiquiatria infantil do Hospital das Clínicas da USP.

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