São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997 |
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Freire lança 'Pedagogia da Autonomia'
FERNANDO ROSSETTI
Em formato de bolso, o livro reitera a já conhecida posição de que "formar é muito mais do que treinar o educando" e a sua histórica defesa pelo respeito à educação, aos educadores e aos estudantes. Mas, diferentemente da obra que tornou Freire o "papa" da educação progressista no mundo, o novo texto é muito mais filosófico do que metodológico. Com três capítulos, divididos em nove itens cada, o livro alinha os princípios essencialmente éticos que um professor ou uma professora devem ter em sua prática. Cada um dos 27 itens tem um título iniciado com a expressão "Ensinar exige...". Essas exigências passam pela "rigorosidade metódica" e pela "pesquisa", mas também pela "aceitação do novo", pelo "reconhecimento de ser condicionado" e pela "convicção de que a mudança é possível". Introdução Isso torna a obra uma espécie de introdução ao imaginário freiriano. O autor afirma que o livro já está sendo adotado por turmas iniciantes em pedagogia. O otimismo ou, como ele diz, "a esperança" sempre presentes em sua obra também podem ser um alento para os educadores das redes públicas brasileiras. Mas a reiteração de suas idéias, em um discurso quase circular, onde um conceito puxa outro, que puxa outro, que leva de volta ao primeiro, poderá enfadar o leitor que já tenha tido contato com outros livros do autor. Ou seja, o novo texto de Paulo Freire às vezes carece de histórias ou casos que ilustrem suas idéias. União e rebelião Apesar da abstração, o livro é talvez um dos mais enfáticos na condenação à política econômica hegemônica no mundo hoje, ao chamado neoliberalismo. "Há um século e meio Marx e Engels gritavam em favor da união das classes trabalhadoras do mundo contra sua espoliação. Agora, necessária e urgente se fazem a união e a rebelião das gentes contra a ameaça que nos atinge, a da negação de nós mesmos como seres humanos submetidos à 'fereza' da ética do mercado", afirma o texto. Livro: Pedagogia da Autonomia Autor: Paulo Freire Coleção: Leitura Páginas: 165 Tiragem: 30 mil Texto Anterior: Shopping Eldorado teve crime semelhante Próximo Texto: "Desesperança não é uma virtude" Índice |
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