São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997 |
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Francês criou peças para brasileira
ANA FRANCISCA PONZIO
Recentemente, a francesa Sylvie Guillen ganhou um espetáculo assinado por Béjart, intitulado "Sissi, Imperatriz Anarquista". "Béjart me revelou uma maneira nova de dançar", diz Marcia Haydée, que dançou pela primeira vez uma obra do coreógrafo após a morte de John Cranko, antigo diretor do Ballet de Stuttgart e descobridor da bailarina brasileira. "Quando Cranko morreu, Béjart me escreveu dizendo que estava à disposição para criar balés para mim. Eu achava que não conseguiria interpretá-lo, me considerava muito dramática para seus papéis", conta Marcia, atualmente morando em Stuttgart, Alemanha. "Estava acostumada à liberdade técnica dos balés de Cranko. Com Béjart, deparei com uma precisão de movimentos até então nova para mim. Béjart é muito exigente, necessita de linhas perfeitas e é preciso entender o que ele quer de cada movimento", diz ela. Dançar obras de Béjart também significou a realização de outro sonho para Marcia Haydée: contracenar com Jorge Donn, um dos artistas que mais admirou. "Tinha paixão em dançar com Donn. Ele vivia para a dança, possuía um carisma extraordinário, além de ser um homem muito bonito, um Apolo em cena", lembra. Para Marcia Haydée, Béjart criou balés como "Isadora", "Divine", inspirado em Greta Garbo, "Wien, Wien, Nur Du Allein" (Viena, Viena, Só Você). O mais recente foi "Amor Roma", com músicas de Nino Rotta, referências a Fellini e sob inspiração da atriz italiana Anna Magnani. "Mais do que coreógrafo, Béjart é um gênio da arte teatral. Seus espetáculos nos envolvem numa plenitude cênica, que ele domina com maestria", prossegue Marcia, que pretende vir ao Brasil especialmente para assistir ao novo espetáculo do Béjart Ballet Lausanne. Afastada dos palcos desde que abandonou a direção do Ballet de Stuttgart em julho passado, Marcia deve receber uma homenagem da companhia alemã no próximo dia 18, quando faz 60 anos. "Espero que esta festa não atrapalhe meu reencontro com Béjart no Brasil", ela afirma, completando: "A juventude continua seguindo Béjart", diz. Criando a partir da integração que estabelece com seus bailarinos, Béjart sempre assumiu a importância do intérprete. "No momento da criação, a obra pertence ao coreógrafo e ao bailarino. Se um poeta escreve sozinho, um balé se faz a dois. Sem bailarino diante de mim posso divagar, sonhar ou 'matematizar', nunca trabalhar", escreveu Béjart no primeiro volume de sua autobiografia, que, não por acaso, se intitula "Um Instante na Vida do Outro". (AFP) Texto Anterior: A timidez e o orgulho segundo Béjart Próximo Texto: Obra tem Versace e Freddie Mercury Índice |
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