São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997 |
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Trilha é fragmentada
IRINEU FRANCO PERPETUO
"Shine" conta a história verídica de Helfgott, desde a época de estudante no Royal College of Music, em Londres -onde fez uma apresentação do Concerto nº 3 de Rachmaninov que ganhou uma ovação de pé inédita por parte de seus professores-, passando por sua aposentadoria temporária após sofrer um colapso nervoso e o subsequente e triunfante retorno aos recitais, em 1984. Ouvir a trilha sonora é uma experiência estranha -34 temas (nenhum deles com duração superior a cinco minutos) são desfilados, praticamente sem intervalo. O CD está salpicado de trechos do "Concerto nº 3". As peças eruditas que aparecem são retalhadas -da nona sinfonia de Beethoven, ouvem-se apenas 41 segundos. Chopin, Liszt, Vivaldi e Schumann perdem-se em meio ao pop límpido, aquoso e insosso da trilha original de David Hirschfelder (do filme "Vem Dançar Comigo"). É música que, em uma sala de projeção, com a luz apagada e auxiliada por imagens poderosas, pode até emocionar. Mas, sem o auxílio dos artifícios da arte cinematográfica, despenca em vazio semântico frenético de temas breves, sem ação que justifique, e passa a impressão de puro nonsense. O disco de Helfgott tem sobre a trilha sonora a vantagem de oferecer o "Concerto Nº 3 para Piano e Orquestra" de Rachmaninov na íntegra. Mas também decepciona. As prateleiras das lojas estão cheias de gravações com orquestras superiores à Filarmônica de Copenhague, que o acompanha, e regidas por maestros com maior personalidade que Milan Horvat. Disco: Shine Lançamento: PolyGram Quanto: R$ 22, em média Texto Anterior: CD evidencia limitações de Helfgott Próximo Texto: Berthold Goldschmidt volta a ser celebrado Índice |
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