São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997![]() |
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Berthold Goldschmidt volta a ser celebrado
LUIS S. KRAUSZ
Depois de quase 30 anos de absoluto silêncio, Goldschmidt voltou a compor, no início dos anos 80, ao mesmo tempo em que suas obras de juventude subitamente passaram a chamar a atenção de intérpretes como Charles Dutoit e Chantal Juillet. Goldschmidt nasceu na Alemanha e estudou composição e regência em Berlim (Alemanha), na década de 20. O dodecafonismo de Schoenberg estava então no auge, mas ele preferiu ater-se aos princípios tonais legados pela tradição. Seus colegas lhe diziam: "Goldschmidt, hoje ninguém mais compõe assim". Peças de juventude, como "Passacaglia" (1925) e a "Abertura Comédia dos Erros" (1925), incluídas neste álbum, às vezes lembram Schostakovitch. São marcadas por uma atitude musical anti-romântica, possuem ritmo bem marcado e senso de grotesco -especialmente em sua orquestração. Talvez a obra mais interessante deste álbum seja "Chronica", cuja composição Goldschmidt iniciou em 1932 -antes de ser obrigado a deixar a Alemanha por causa do nazismo, que considerou sua música "degenerada"- e só retomou em 1985, na Inglaterra, depois de romper seu prolongado silêncio musical. "Chronica" é uma suíte orquestral em oito movimentos, alternadamente agitados e lentos. Os movimentos melancólicos lembra frequentemente o romantismo tardio de Richard Strauss. Não casualmente, a peça abre-se com percussão e metais de caráter marcial e com temas que remetem à música folclórica alemã e se encerra com um tom otimista. A obra mais recente do álbum é o breve "Rondeau", de 1995, executado por Chantal Juilliet. O artista retoma essa forma tradicional, com a sinuosidade que lhe é característica, mas lhe empresta uma coloração moderna, explorando as variações de timbre da orquestra, como na sutil interferência das clarinetas, ou num pizzicatto das cordas que é misteriosamente continuado pela marimba. Goldschmidt não é, hoje, um compositor de vanguarda. Decerto seus colegas ainda lhe dizem: "Goldschmidt, hoje ninguém mais compõe assim". Ele continua, impassível, a beber na mesma fonte de sua juventude -que é talvez a verdadeira fonte da juventude. Que outra explicação há para a vigorosa atividade musical de um homem de 94 anos de idade? Disco: The Goldschmidt album Regentes: Simon Rattle, Berthold Goldschmidt, Charles Dutoit, Yakov Kreizberg Lançamento: Decca (importado) Quanto: R$ 28, em média Texto Anterior: Trilha é fragmentada Próximo Texto: Acabou la Tequila; Fernanda Fróes; Silverchair; Odds; "Rock Voador"; "Antone" Índice |
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