São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Árabes congelam relações com Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Liga Árabe determinou que seus países-membros congelem relações com Israel, em uma medida apontada pelo premiê israelense, Binyamin Netanyahu, como um passo atrás no processo de paz.
A medida, unânime, é uma reação à decisão israelense de construir um novo assentamento para judeus em Jerusalém oriental, região reivindicada pelos árabes como capital de um eventual Estado palestino. É a ação mais dura dos árabes contra Israel desde o começo do governo direitista de Netanyahu, no ano passado.
O texto da resolução foi aprovado após dois dias de reunião dos chanceleres da Liga Árabe no Cairo, a capital do Egito. O secretário-geral da Liga, Esmat Abdel-Meguid, disse que o principal objetivo da resolução é salvar o processo de paz.
"Eles (os israelenses) calcularam mal a reação árabe, e isso é algo que eles não deveriam ter feito", disse o secretário-geral. "Netanyahu está brincando com fogo, e a primeira pessoa a ser queimada será ele mesmo."
A resolução prevê o boicote econômico, o congelamento de relações (isto é, não deve haver avanços diplomáticos entre árabes e israelenses), o fechamento de missões diplomáticas e a retirada de negociações multilaterais.
A medida isenta Egito, Jordânia e a Autoridade Nacional Palestina de se retirar de negociações e fechar missões diplomáticas, pois esses governos já firmaram acordos de paz com os israelenses.
No Parlamento, Netanyahu voltou a acusar os palestinos de incentivar o terrorismo e disse que a retomada do boicote econômico árabe vai fracassar. O chanceler David Levy disse que Israel não vai tolerar "violência diplomática".
Os árabes também reclamaram do governo americano, que vetou no Conselho de Segurança da ONU duas resoluções que condenavam Israel pelos assentamentos.
A resolução é apontada como uma vitória da Síria e do Líbano, que mantêm uma política dura em relação a Israel. Eles já haviam pedido a outros países árabes, como Marrocos, Tunísia e Omã, que não criassem laços com Israel.
No campo interno, Netanyahu conseguiu uma vitória ao ter derrubada, por 55 votos a 46, uma moção de censura contra o governo israelense proposta pela oposição de esquerda.
O Partido Trabalhista e o Meretz queriam responsabilizar Netanyahu pelo isolamento internacional de Israel e pela degradação das condições de segurança no país.
A construção das 6.500 casas em Jabal Abu Ghneim, chamada de Har Homa pelos judeus, tem causado protestos diários entre militantes palestinos e soldados israelenses nas últimas duas semanas.

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