São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Grandes bancos em um dia

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Cresce entre alguns senadores o temor de que a CPI dos Precatórios vire apenas cinza na fogueira das vaidades alimentada por alguns dos seus integrantes.
Por conta disso, uma reunião secreta da CPI amanhã servirá para lavar a roupa suja.
Deve participar do encontro o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Com o apoio do presidente da CPI, Bernardo Cabral (PFL-AM), ACM deve propor um pouco mais de método e menos efeitos especiais para a mídia.
ACM disse a amigos que vai com o objetivo de preservar o nome do Senado. O presidente da Casa acha que a gincana jornalística hoje montada não atende aos interesses principais das investigações em curso.
Na ânsia de aparecer, alguns senadores dividem as notícias para jornais e TVs. Dão uma notícia nova por dia apenas para um órgão da imprensa, em detrimento dos demais.
Essa distribuição desequilibrada das notícias, na opinião de ACM e de Cabral, estaria colocando em risco a credibilidade da CPI perante a opinião pública. E, de fato, está mesmo.
Para evitar esse desgaste desnecessário, uma das sugestões que ACM e Cabral vão defender na reunião reservada de amanhã será a respeito dos depoimentos de representantes de grandes bancos.
"Para que não sejamos acusados de privilegiar alguns em detrimento de outros, de querer fabricar uma notícia por dia, acho que poderemos convocar todos os grandes bancos para um mesmo dia", diz Cabral.
Cabral também não considera essencial a vinda dos presidentes dos bancos. Acha que seria o bastante ouvir o vice-presidente ou o diretor responsável pela área investigada.
Essas opiniões de Cabral e de ACM, como é fácil supor, são diferentes das do senador Roberto Requião (PMDB-PR), o relator da CPI.
Pelo andar da carruagem, a reunião de amanhã será quentíssima. E é quase certo que faltará água para que toda a roupa suja seja lavada.

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