São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997 |
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Venda de Pitta a Vetor deu prejuízo a SP
MARTA SALOMON
Em ofício assinado à direção do Banco do Brasil, no qual os papéis estavam custodiados, Pitta determinou a venda de títulos da prefeitura ao Banco Vetor pelo valor de R$ 70 milhões. No mesmo dia (27 de setembro de 1995), os títulos foram vendidos outras quatro vezes, com preços cada vez maiores, até chegarem ao Bradesco por R$ 73,968 milhões. O rastreamento da operação na Cetip (central responsável pelo registro de operações com títulos públicos) foi feito ontem pela CPI. Enquanto o Fundo de Liquidez dos Títulos Municipais contabilizava um prejuízo de quase R$ 4 milhões (diferença entre o valor que a prefeitura poderia ter obtido pelos títulos numa venda direta ao Bradesco e o valor de venda ao Vetor), a quantia se transformava em lucro para uma cadeia de instituições financeiras. A maior parte do lucro ficou para A JHL DTVM -distribuidora citada em relatório do BC sobre operações com títulos que deram prejuízo não apenas a São Paulo, mas aos cofres de mais seis Estados (Paraíba, Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Sergipe e Rio de Janeiro). A CPI suspeita que se trata de uma empresa fantasma. Na operação recomendada por Pitta, a JHL teve lucro de exatos R$ 3,868 milhões. O lucro registrado do Banco Vetor foi de R$ 646 mil. A Paper DTVM também teve lucro no negócio, de R$ 170 mil. Além da prefeitura paulistana, o Banco Indusval aparece também em prejuízo com a operação, de R$ 716 mil. O negócio com o lote de R$ 70 milhões em títulos -cujo roteiro foi rastreado- representou a primeira prova do relacionamento de Celso Pitta com o Banco Vetor. No dia da operação, Pitta enviou ofício ao gerente do BB José Vollet determinando a venda dos títulos ao Vetor. Os títulos foram vendidos com deságio de 11,08%. O trajeto percorrido pelos títulos põe em xeque o argumento de Pitta de que nenhuma outra instituição financeira, além do Vetor, havia se interessado pelos títulos. Outro lote de títulos rastreado pela CPI aponta um prejuízo de R$ 944 mil para o Fundo de Liquidez da prefeitura e para o BB. Outro lado A Folha tentou ouvir o assessor de imprensa de Pitta, Henrique Nunes, ontem à noite, mas ele não estava na prefeitura nem em sua casa. Texto Anterior: Em capítulos Próximo Texto: STF devolve pedido de intervenção Índice |
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