São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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'Diadema não é caso isolado', diz ouvidor

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As agressões cometidas por policiais em Diadema não são um caso isolado no Estado, na opinião do ouvidor da polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano.
"O caso de Diadema não é um fato isolado. As agressões e o homicídio têm referencial de mais de 500 casos semelhantes, em que as vítimas sofreram lesões graves, que deixaram sequelas, tal qual em Diadema", diz Mariano.
Os números a que Mariano se refere são de 1996. No ano passado, das denúncias contra policiais que encaminhou à corregedoria, foram instalados 297 processos por abuso de autoridade, 191 por tortura e 40 por homicídio.
Neste ano, segundo ele, a situação agravou-se. O número de denúncias entre dezembro de 96 e fevereiro de 97 chega a 1.500, contra 601 no mesmo período do ano anterior. Um crescimento de 149%.
Entre os crimes mais graves, as denúncias de homicídio foram as que mais cresceram, cerca de 50%.
As denúncias do ano passado resultaram em cerca de 300 policiais investigados, sendo que aproximadamente cem foram indiciados. "E pelo menos cinco foram presos e aguardam julgamento."
Extermínio
Os PMs Hellmans Hoffman de Oliveira, o "Robocop", Celso Luiz de Paula, Wellington Gonçalves Torquato, José Walter Benevides Moura e Carlos Cardoso Lima foram presos em maio de 96.
Eles são acusados de formar um grupo de extermínio que teria matado 13 pessoas em três chacinas e participado de três roubos a banco. Os acusados foram indicados por uma pessoa (não identificada) que diz ter sido convidada para participar dos roubos.
A testemunha diz que não concordou e levou cinco tiros.
Chutes
A violência policial também é apontada como a causa da morte do ajudante Jaerte Antônio, em maio de 96. Antônio chegou bêbado em casa e discutiu com sua mãe, que chamou dois PMs.
A família diz que os PMs deram vários chutes na cabeça dele e o deixaram caído no chão. Antônio morreu na noite seguinte, depois de ser medicado e liberado no hospital Vila Nova Cachoeirinha.

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