São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997 |
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Prédio do centro é "barril de pólvora"
FABIO SCHIVARTCHE
A água foi cortada há semanas por falta de pagamento e a Eletropaulo ameaça cortar a energia elétrica. O esgoto gerado pelas 276 quitinetes de 24 m2, algumas ocupadas por traficantes e travestis, escorre pelos encanamentos quebrados e vaza até a garagem. Segundo definição do diretor do Contru, Antônio Luiz de Paiva Brito, o Demoiselle é um barril de pólvora, "o prédio mais perigoso da cidade, que pode pegar fogo a qualquer instante". Apesar do risco iminente, cerca de 600 pessoas continuam morando no Demoiselle, com o consentimento da prefeitura. Brito diz que o edifício foi interditado pelo Contru no mês de fevereiro, mas que não tem estrutura para retirar os moradores. "A própria comunidade tem de se mobilizar para melhorar a situação", afirma. Segundo a moradora Kátia dos Santos, conselheira da nova diretoria do Demoiselle (que assumiu há três semanas), a situação de "desgraça" em que se encontra o prédio foi causada pela má administração do antigo síndico. "Ele fez ligação clandestina de água e cobrava dos condôminos, mas não pagava para a Sabesp", diz. Segundo ela, a prefeitura deveria, pelo menos, ajudar na reforma. "Para ajudar o povo nunca tem verba." Kátia diz que já houve até uma infestação de ratos no prédio, que nos últimos 20 anos se tornou um dos mais conhecidos treme-tremes da cidade, local de grande concentração de ladrões e prostitutas e refúgio de traficantes. A nova diretoria luta, agora, para revitalizar o Demoiselle. Na semana passada, começou a reforma da garagem. "Mas não é em três semanas que vamos arrumar o que destruíram em 20 anos", afirma Kátia. O ex-síndico, Zaldeir Braga, não respondeu aos telefonemas da Folha, na tarde de ontem. Texto Anterior: Incêndio destrói edifício comercial de SP Próximo Texto: Vamos dissecar o SUS Índice |
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