São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997 |
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Pornô é gozo da imaginação
EDUARDO SIMANTOB
Mas desde sua "invenção", na Grécia antiga, a pornografia pouco inventou. E por que se considera John Stagliano um inovador? Primeiro porque explorou um tabu que a libido norte-americana até há pouco não dava bola: o sexo anal. Stagliano tenta fazer de seus vídeos uma espécie de diário de suas orgias nos EUA, Brasil, Hungria e Suécia, divulgando o sexo entre tipos de várias procedências. Meros maneirismos, mas Buttman virou estrela. É difícil dizer que a pornografia é subterrânea. Fabricantes pagam impostos e respondem em juízo por seus produtos com menos assiduidade que a maioria das publicações. Algumas revistas "hardcore" chegam a 60 mil cópias mensais cada, e só os vídeos de Stagliano no Brasil, lançados numa média de oito títulos por mês, vendem, cada um, 4.000 unidades em 30 dias. O caráter underground da pornografia no Ocidente nasceu no século 17 na Inglaterra e os pornógrafos de então voltavam-se para temas clássicos, baseando-se em obras como "A Arte de Amar", de Ovídio (43 a.C.-17 d.C.). Daí o gênero tornou-se incontrolável. Na França, criaram fama os cartões-postais com ilustrações eróticas e a explosão de literatura "libidinosa" no período anterior à Revolução Francesa. Na Inglaterra vitoriana aparecem as obras centradas em flagelação e homossexualismo, e a pornografia não passou despercebida pelas vanguardas do início deste século, incorporada com humor nos livros de Apollinaire. A tecnologia colocou-se a seu serviço com o advento da fotografia e do cinema. As imagens tornaram as palavras inúteis, fazendo com que as estripulias sexuais adquirissem mais realidade. E o impacto da tecnologia na sexualidade é abordado no filme "Crash": somos todos "cyborgs", o corpo humano estende-se aos eletrodomésticos e automóveis, e o sexo também. Talvez esteja começando uma nova história. Texto Anterior: Brasileira ganha 'Oscar' Próximo Texto: Instrumentista mineiro lança cinco CDs simultaneamente Índice |
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