São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Explosões na faixa de Gaza matam dois

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A explosão de duas bombas ontem na faixa de Gaza reabriu a polêmica entre autoridades palestinas e israelenses em torno do terrorismo. As bombas deixaram dois palestinos mortos e não causaram feridos entre os israelenses.
O governo israelense disse que palestinos foram os responsáveis pelos atentados. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, afirma que o segundo atentado foi forjado -israelenses teriam matado um palestino e atribuído o atentado a ele.
O grupo radical Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), que assumiu os últimos atentados em Israel, negou a participação nos dois casos. A Jihad (Guerra Santa) Islâmica, que também costuma fazer atentados a bomba, igualmente não os assumiu.
As explosões aconteceram quase simultaneamente, por volta das 7h (1h em Brasília), em estradas ao sul da cidade de Gaza, em território sob administração palestina. Aparentemente, o alvo eram ônibus de estudantes judeus que deixariam dois assentamentos da região.
No único atentado comprovado, o terrorista tinha explosivos amarrados ao redor do corpo. A outra explosão, segundo os palestinos, foi resultado de uma granada jogada por um soldado israelense -versão que o governo de Israel nega. Cinco palestinos ficaram feridos em um táxi que passava próximo.
"Os ataques gêmeos de hoje, milagrosamente, não tiraram vidas, mas eles são a prova de que a campanha de terror continua e de que a luz não mudou", disse o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.
A "luz" à qual ele se refere é a luz verde que Arafat teria dado aos atentados terroristas por causa da deterioração do processo de paz nas últimas semanas. No mês passado, um terrorista suicida do Hamas agiu em um café de Tel Aviv, matando três israelenses.
Arafat nega que tenha dado autorização para a prática de atentados terroristas como represália à construção de um assentamento judaico de 6.500 casas em Jerusalém oriental, região reivindicada pelos árabes como capital de um eventual Estado palestino.
A construção, entretanto, fez com que os países árabes decidissem congelar sua relações com Israel e promover um boicote econômico ao país. Além disso, há também protestos populares contra a nova colônia.
Para Arafat, os protestos e atentados são compreensíveis nas atuais circunstâncias. "Para toda pressão existe uma reação. É uma lei natural", disse o palestino.
Em Nablus, um policial palestino à paisana foi alvejado na cabeça por soldados israelenses quando participava de uma manifestação. Em Hebron, um jovem árabe foi morto nas mesmas circunstâncias.

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