São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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A razão de Requião

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Quase sempre intempestivo, ontem o senador Roberto Requião (PMDB-PR) parecia estar calmíssimo. Pelo bem da CPI dos Precatórios.
Não se sabe quanto tempo vai durar essa bonança exibida pelo relator da CPI. Mas esse estado de espírito pode e deve ser registrado. Afinal, tem sido raro nas últimas semanas.
Acompanhe o que disse Requião sobre os temas mais quentes na CPI:
1) presidentes de bancos - "Eu acho que eles devem ser ouvidos. Respeito quem acha que não. Mas, se não chamarmos os presidentes dos bancos, estamos a caminho de fazer uma salada de frutas desta CPI";
2) diretores de bancos - "Esses também devem e serão ouvidos. Aliás, nada impede que os presidentes dos grandes bancos venham a Brasília acompanhados dessas pessoas para ajudá-los nos depoimentos";
3) convocação simultânea - "Considero uma boa sugestão convocar todos os presidentes dos grandes bancos de uma vez. Na realidade, são três os principais: Bradesco, Banestado e Multiplic. Isso é perfeitamente possível. Afinal, o que interessa um banquinho que comprou só alguns milhares de reais em títulos?";
4) racha na CPI - "Não há racha algum. Não há nada disso que estão falando. A presença do senador Antonio Carlos Magalhães na reunião de amanhã (hoje) é muito positiva. Ele será ouvido com prazer pela CPI".
Controlado, falando para uma multidão de repórteres às 18h de ontem, o senador fez uma leitura da crise de egos que atingiu a CPI: "Estão loucos para que eu brigue com alguém. Querem isso para melar a CPI. Mas não vão conseguir".
Ex-seminarista, Requião preferiu também poupar os ataques que tem recebido do cardeal arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns.
"Terei uma audiência com d. Paulo. Ao contrário do que ele fez comigo, eu vou falar com ele antes de pensar em criticá-lo".
Pode ser que essa calma de Requião não dure, mas ela é fundamental para que a CPI continue nos trilhos.

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