São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Justiçamento

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Retórica tamanha contra "os policiais bandidos", como a Globo apelidou, não podia resultar em outra coisa que não histeria social.
Só ontem, falava-se em "indignação e revolta", atos "inaceitáveis", adjetivo de FHC, "selvageria" e muito mais, só na Globo, sem contar as demais redes.
Somando às imagens, não podia dar em outra coisa que não a tentativa de agressão, até de linchamento, mostrada pela Globo e demais. Na Band, um "popular":
- Tem que linchar!
Pedradas, garrafadas, xingamentos. E o apresentador William Bonner sem esconder o prazer moral de dizer "os policiais bandidos".
*
Celso Pitta não anda com sorte. Entra com nova campanha, em contraposição ao escândalo, e é atropelado pela violência policial.
O principal dos três comerciais traz o prefeito em "entrevista", inaugurando Cingapura. Ele mesmo diz, já que ninguém mais o faz:
- A gente recebe aqui uma manifestação popular de solidariedade, de apoio...
Não foi bem o que se viu e ouviu, em Interlagos.
Nos outros comerciais, sobre PAS e Leve-Leite, é coadjuvante. Surge em cenas rápidas e patéticas, como na pose com uma lata de leite.
A atenção é para o ex-prefeito, também necessitado de limpeza de imagem, Paulo Maluf. Cada projeto é dado como "criado e desenvolvido na administração Paulo Maluf", sendo que apenas "continua com Celso Pitta".
*
Não é só a campanha autolimpante dos malufistas que saiu prejudicada com a tomada da tela pela violência policial. Também a da reforma administrativa.
É assinada por PSDB e PFL, mas é do governo FHC.
- O Brasil precisa das reformas. Ou a inflação volta. O que você prefere? Reformas. Antes que seja tarde.
O tom ameaçador não ajudou. Ninguém notou.

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