São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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"Ministro treina para bobo da corte", diz CNBB

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil deu uma resposta dura ontem ao ministro Sérgio Motta. "Como a monarquia ainda não está oficialmente reimplantada, a gente não sabe se o ministro só está treinando ou já assumiu o papel de bobo da corte", afirmou d. Demétrio Valentini, responsável pela Pastoral Social da entidade.
O ataque que Motta desferiu ontem contra a CNBB e d. Luciano Mendes de Almeida já havia sido feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista à Rede Católica de Rádio em dezembro de 96.
Na ocasião, FHC disse, ao ser questionado sobre a oposição da igreja à venda da Vale, que "d. Luciano pode ficar tranquilo, porque o dinheirinho que ele recebe, vai continuar recebendo".
Lucro da Vale
O presidente e o ministro se referiam ao fato de que 8% do lucro obtido pela Vale é investido em obras sociais e de conservação do patrimônio histórico nos municípios onde ela está instalada. Entre estes, está Mariana (MG), diocese de d. Luciano.
"D. Luciano não é contra a venda da Vale por causa desse dinheiro. Mas porque é uma empresa envolvida no desenvolvimento do país e não pode cair nas mãos de quem só pensa em lucro", afirmou d. Demétrio.
Na época, D. Luciano preferiu não responder às críticas do presidente FHC.
Audiência
Ontem, d. Luciano, que está em retiro no interior do Maranhão, entrou em contato com familiares no Rio. Disse que "respeitava" a posição de Motta.
Anteontem, d. Luciano e líderes de entidades que se opõem à privatização solicitaram uma audiência com Fernando Henrique Cardoso.
Além do bispo, devem participar da audiência o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ernando Uchôa, e o arquiteto Oscar Niemeyer, entre outros.
"Espero que as palavras do Sérgio Motta não sejam a resposta ao pedido de audiência", disse d. Demétrio.
Para d. Demétrio, o ataque de Motta tem uma "arbitrariedade coerente com a atitude do atual governo de desautorizar aqueles que o questionam".

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