São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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74% dos paulistanos têm medo da PM

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A confiança da população na Polícia Militar desabou com o episódio de Diadema. O grupo de paulistanos que dizem ter mais medo do que confiança na PM é bem maior hoje do que em pesquisa de dezembro de 1995.
O grupo dos que têm mais confiança do que medo da corporação ficou reduzido à metade nos últimos 16 meses. Eram 24% ontem, contra 46% em 1995.
Entre os que não viram as cenas do vídeo amador, 54% dizem ter mais medo que confiança na PM e 44% afirmam o inverso. Esses percentuais são próximos dos obtidos em 1995, o que mostra que o caso da favela Naval foi decisivo para derrubar sua credibilidade.
Os negros mostraram desconfiar mais. Nesse grupo, 83% dizem ter mais medo que confiança na PM, contra 71% dos brancos.
O descrédito maior também se verifica entre os que já foram revistados, grupo em que é maior o apelo à pena de morte para os PMs envolvidos.
O arranhão na imagem da PM fez com que a população mudasse sua maneira de encarar os problemas da corporação.
Para o paulistano, não falta salário, mas treinamento para que os PMs atuem de maneira adequada.
Em 1995, o baixo salário foi apontado como o principal fator para explicar corrupção e abusos que acontecem na polícia.
Agora, é o baixo nível dos policiais recrutados a causa apontada pelo grupo mais numeroso para explicar esses problemas. Caiu de 56% para 29% o percentual dos que vêem a falta de salário como causa dos crimes de PMs.
Justiça comum
O paulistano continua acreditando que a Justiça Militar não é a instituição adequada para julgar PMs que tenham cometido qualquer tipo de crime.
No levantamento anterior, a Justiça comum foi apontada como ideal para o julgamento por 76% dos entrevistados. O percentual caiu, mas ainda é alto -68%.
Atualmente, a Justiça comum julga apenas os policiais militares que tenham cometido crime doloso (intencional) contra a vida, como o assassinato, ou usando uma arma da PM durante período de folga.
(RSc)

METODOLOGIA - A pesquisa Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. A população adulta da cidade de São Paulo foi tomada como universo da pesquisa. No levantamento de ontem, foram entrevistadas 1.080 pessoas. A margem de erro do processo é de três pontos percentuais para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%. Isso significa que, se fossem realizados cem levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista. A pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisas de Opinião do Datafolha.

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