São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Imagens eram "suposição"

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O comandante afastado do 24º Batalhão da PM de Diadema, tenente-coronel Pedro Pereira Matheus, disse em seu depoimento na CPI da Assembléia que não poderia prender administrativamente os PMs apenas com as imagens da violência gravadas por um cinegrafista amador.
Ele afirmou que assistiu a fita, em companhia do promotor José Carlos Blat, no último dia 25, e que precisa de um relatório sobre o fato. Foi então que escolheu o cabo Ricardo Buzeto, "que aparecia na fita, mas aparentava não estar tão envolvido no caso", para colocar no papel o que havia ocorrido na blitz policial, sem sua conivência, segundo o comandante.
Questionado pelo presidente da CPI, deputado Afanásio Jazadji (PFL), se acaso o cabo não tivesse contado o que havia ocorrido na rua Naval o coronel Matheus não teria prendido administrativamente os PMs suspeitos, o comandante respondeu: "Perfeitamente. Juridicamente não poderia ter tomado essa atitude. Estava me escudando na lei. Podemos prender alguém por suposição?", perguntou o coronel, provocando risos no plenário.
Matheus disse que prendeu os PMs no dia 26, depois do depoimento de Buzeto. O comandante afirmou que não havia prendido antes os PMs "porque o IPM e a Corregedoria da PM não tinha provas contra eles, principalmente do caso de homicídio".
O comandante também transferiu a responsabilidade da decretação da eventual prisão administrativa ou do afastamento dos policiais antes do dia 26 ao presidente do IPM (Inquérito Policial Militar) que apura a morte de Josino, tenente Aparecido Gomes Barros.
"O tenente Barros era o presidente do inquérito, cabia a ele pedir o afastamento dos PMs", alegou o comandante.
O coronel Matheus repudiou as acusações de omissão e disse que no quartel que comandava "existia disciplina".
Ele disse que desconhecia a blitz organizada pelos PMs na favela Naval. "Eu recebia os relatórios sobre essas operações somente no final de cada mês."
O comandante Matheus disse que foi anteontem à casa do cabo Buzeto para "prendê-lo pessoalmente". "No entanto, seus pais disseram que ele havia viajado. Ele será considerado fugitivo caso não retorne até as 19h de hoje (ontem), quando deve se apresentar no batalhão", afirmou o coronel.
(AL)

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