São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997 |
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PMs matam pai e filho em vingança
DANIELA FALCÃO
Segundo testemunhas, tudo começou com uma discussão entre o PM Francisco de Assis, que estava à paisana, e Vilmar Anastácio Júnior (filho caçula do comerciante), num bar no centro da cidade. Embora à paisana, Assis usava revólver da PM e teria disparado dois tiros contra Anastácio Júnior, 25 -um no braço e outro no peito. Wagner, que havia presenciado a cena, teria atacado o policial para defender o irmão, tomado o revólver e disparado dois tiros contra o PM, que morreu na hora. Wagner levou o irmão ao único pronto-socorro de Dianópolis, às 19h10, e contou o ocorrido aos médicos. Enquanto Júnior era socorrido, Wagner foi algemado e colocado em um carro da PM. "Todos os enfermeiros que estavam de plantão viram Wagner sendo algemado e levado pela PM. Ninguém acreditava que eles pudessem cometer tamanha barbaridade, porque havia muitas testemunhas. Se acontecesse alguma coisa a Wagner, os PMs seriam responsáveis", disse o médico Jefferson Carvalho, que era o chefe de plantão do pronto-socorro. Meia hora depois, Wagner deu entrada no pronto-socorro já morto, com dois tiros (no peito e na cabeça) e vários hematomas. O pai dos rapazes, Vilmar Anastácio, chegou ao PS às 21h15 para reconhecer Wagner. Antes de fazer o reconhecimento, foi algemado e espancado na porta do PS, na frente de médicos e pacientes. "Ele gritava que só queria ver seu filho, mas mesmo assim foi conduzido para o carro da polícia", afirmou Carvalho. O mesmo carro da PM que levou Anastácio retornou ao PS às 3h de sábado e entregou o corpo do pai dos rapazes com um tiro na cabeça, outro no tórax e hematomas. Anastácio era proprietário de um supermercado e fazendas na região. Ele tinha passagem pela polícia, mas os filhos não. Wagner e Anastácio foram enterrados no sábado. O cortejo foi acompanhado por 8.000 pessoas. Dianópolis tem 16,2 mil habitantes. Júnior foi transferido para um hospital em Barreiras (BA), a 150 km da cidade, na própria sexta, porque o PS de Dianópolis não tinha condições de atendê-lo. Na terça-feira à noite, Júnior foi transferido para São Paulo, onde seria submetido a cirurgias para retirar a bala que ficou alojada nas costas. Ele não corre risco de vida, mas pode ficar paralítico. Direitos Humanos A Comissão de Direitos Humanos da Câmara envia hoje ofício à procuradora de Justiça de Tocantins e ao secretário da Justiça e Segurança Pública do Estado cobrando o afastamento imediato dos envolvidos. "O que ocorreu é tão grave quanto o ocorrido em Diadema (SP). A única diferença é que os crimes não foram filmados", diz o ofício, assinado pelo deputado Pedro Wilson (PT-GO), presidente da comissão. Texto Anterior: Briga de PMs e civis é investigada em MG Próximo Texto: Governo envia delegado Índice |
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