São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Paulinho faz temporada no Rio após 8 anos

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Uma dor de cabeça e um mal-estar tomaram conta de Paulinho da Viola, 54, às vésperas da estréia de "Bebadosamba", show que ele faz a partir de hoje no Canecão (Botafogo, zona sul do Rio) e que depois sai em turnê pelo país.
"Deve ter sido algo que comi e não me fez bem. Pode ser também um pouco de tensão, mas vou estar bom para a estréia. Vai dar tudo certo", disse Paulinho à Folha na terça-feira à noite, depois de ensaiar com sua banda em um estúdio em Botafogo.
A expectativa de Paulinho é grande. Há oito anos ele não faz uma temporada na cidade. A última, de lançamento do disco "Eu Canto Samba", aconteceu em fevereiro de 89. Desde então, o cantor e compositor não gravava. Shows, só esporadicamente.
Para a volta, Paulinho preparou um roteiro que faz um passeio pela história do samba. "Essa é a linha do trabalho de 'Bebadosamba', onde tentei recuperar a memória musical de antigos sambistas", diz.
Daí a idéia de cantar no show composições de sambistas citados na letra da canção que dá título ao disco e ao show. Assim, estão programadas músicas de Monsueto, Nélson Cavaquinho, Wilson Batista, Candeia e Pixinguinha, entre outros.
Num dos trechos mais intimistas do show, por exemplo, Paulinho homenageia Pixinguinha interpretando o chorinho "Cochichando", sozinho com seu violão.
O passeio pelos clássicos é uma característica marcante do show -"mais forte do que em 'Eu Canto Samba' ", afirma o artista-, mas isso não significa que ele deixe de lado as composições novas.
Dez das 14 faixas de "Bebadosamba" serão apresentadas. "Timoneiro", de Paulinho e Hermínio Bello de Carvalho é uma das favoritas do artista no palco.
"A música funciona muito bem, agrada ao público. O que me surpreende é que ela foi composta em meia hora, durante um intervalo das gravações, e quase não entra no disco", conta o artista, conhecido por seu trabalho meticuloso.
Tão meticuloso que "Solução de Vida" (parceria com Ferreira Gullar) tem uma versão guardada no estúdio. "A melodia não estava acompanhando o sentido irônico da letra, e não gostei do resultado. Depois que gravei, fiz outra música. Foi essa segunda versão que entrou no disco", conta.
A primeira versão, o compositor não mostra para ninguém. "Estou à procura de uma letra para a música", diz.
Toque teatral
Paulinho também preparou um bloco com seus clássicos: "Foi um Rio Que Passou em Minha Vida", "Coração Leviano", "Argumento" e "Dança da Solidão" estão no show.
A direção de Elifas Andreato dá um toque teatral ao espetáculo. Andreato recupera um personagem interpretado por Paulinho no show "Zumbido", de 1980.
"Sempre quis remontar esse show. O personagem saía dançando de cena e na época foi um sucesso", conta Paulinho.
O personagem volta parcialmente. No show, "Boca", vivido pelo próprio Paulinho, faz o chamamento dos grandes nomes do samba. E a dança? "Não, desta vez não. Não tenho mais preparo físico para isso", diz Paulinho, com um ar envergonhado.
"Bebadosamba" fica em cartaz no Canecão até o dia 13 de abril. Depois segue para o sul do Brasil e na segunda semana de maio deverá ser mostrado no Palace, em São Paulo.

Show: Bebadosamba
Artista: Paulinho da Viola
Direção: Elifas Andreato
Músicos: César Faria (violão), Hélvius Vilela (piano e teclados), Dininho (baixo e voz), Mário Sève (flauta e sax), Celsinho Silva (percussão e voz), Cabelinho (percussão) e Hércules (bateria)
Onde: Canecão (av. Venceslau Brás, 215, Botafogo, tel. 021/295-3044)
Quando: estréia hoje; em cartaz de quinta a domingo, até dia 13 de abril; qui, às 21h30, sex e sáb, às 22h30, e dom, às 21h
Quanto: R$ 10 (arquibancadas, qui e dom), R$ 15 (arquibancadas, sex e sáb), R$ 20 (lateral), R$ 25 (setor C), R$ 30 (setor B, qui e dom), R$ 35 (setor A, qui e dom, e setor B, sex e sáb), R$ 40 (setor A, sex e sáb)

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