São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997 |
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Música erudita é credora da rádio
JOÃO BATISTA NATALI
Chamava-se na época Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, onde permanece sediada. Mudou de nome ao ser doada ao governo, em 1936, com a proibição, em cláusula de doação, de fazer "proselitismo político ou religioso", ou de ter na publicidade uma de suas fontes de receita. A ascensão e o auge da emissora coincidem com a importância do Rio como pólo irradiador cultural. Por isso, sua influência se esparramava também por cidades -como São Paulo- em que não poderia ser sintonizada pelos ouvintes. Fora do circuito comercial, a Rádio MEC ganhou uma autonomia de programação que independia do tamanho de sua audiência. Mas, em contrapartida, sustentada pelo contribuinte, sofreu ingerências do governo e se tornou vítima, como um todo, de ineficiências próprias às estatais. Roquete Pinto e em seguida Gustavo Capanema, ministro da Educação do Estado Novo, queriam fazer dela uma versão brasileira da austera BBC (Reino Unido). Conseguiram em relação à música. Entre seus colaboradores ou funcionários, ela reuniu Francisco Mignone e Magda Tagliaferro, Edino Krieger e Guerra Peixe, Villa-Lobos e Arnaldo Estrela. Nos anos 50, com o diretor Fernando Tude de Souza e o diretor artístico René Cazé, construiu uma grade de programação que tinha como regra a entrega de determinados horários a especialistas, que selecionavam bons intérpretes e explicavam didaticamente a escrita da partitura. Como exemplo, há a "Ópera Completa", o mais antigo programa radiofônico brasileiro, que vai ao ar desde os anos 30. Entre 1961 e 1982, a rádio também montou sua própria orquestra, a Sinfônica Nacional , responsável por récitas de bons compositores brasileiros que, depois dela, voltaram a um esquecimento pouco merecido. Texto Anterior: Quem são os músicos dos CDs Próximo Texto: Guia da Folha SP Índice |
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