São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Rússia e Belarus firmam união frouxa

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cedendo a pressões dos liberais russos, o presidente Boris Ieltsin e seu colega de Belarus, Alexander Lukachenko, assinaram ontem um bastante tímido acordo de união dos dois países.
O estabelecimento do tratado provocou choques entre policiais e manifestantes bielo-russos. Na Rússia, a aproximação com Belarus foi saudada por nacionalistas e neocomunistas.
Ieltsin e Lukachenko se reuniram pela manhã em Moscou para negociações de última hora sobre o acordo. Assinaram um documento prevendo cooperação geral em políticas econômicas, externas e militar, mas deixando claro que os Estados integrantes da união mantêm sua "soberania, independência e integridade territorial".
Os liberais russos, que dirigem a economia do país, temem a aproximação com um Estado ainda dirigido sob moldes soviéticos e que apresenta um sistema econômico em crise.
Ainda, não vêem com bons olhos a vinda de Lukachenko, acusado de desrespeito aos direitos humanos, para o meio político do país.
Boris Nemtsov, primeiro vice-premiê e um dos dois principais dirigentes liberais da Rússia, elogiou o novo documento.
O acordo divulgado há três dias falava em uma real coordenação em diversas áreas entre Rússia e Belarus. O Tratado sobre a União de Belarus e Rússia prevê apenas a realização de debates públicos para definir os termos de uma maior aproximação.
"A união não cria um Estado único", disse o presidente russo. Lukachenko, visivelmente decepcionado com a nova versão do tratado, afirmou que "cedo ou tarde chegaremos a acordo do qual nascerá um povo comum".
Belarus é, para a Rússia, um importante corredor com o Ocidente para suprimento de energia. Os dois países, que um dia fizeram parte da extinta União Soviética, são nações eslavas que compõem o Leste Europeu. Os países eslavos têm em comum um mesmo ramo linguístico.
Protestos
Em Minsk, a capital de Belarus, ao menos 50 pessoas foram presas após ocorrerem choques entre a polícia e manifestantes nacionalistas. A maioria dos detidos foi liberado pouco depois da prisão.
Uma passeata com cerca de 4.000 pessoas percorria o centro da capital ao grito de "independência", quando parte da multidão tentou invadir a embaixada russa.
A polícia, que afastou os manifestantes com cassetetes, foi atacada com pedras.
Os nacionalistas temem que o acordo de união assinado ontem devolva o Estado bielo-russo ao controle de Moscou.

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