São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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Futuro de Paulo Afonso depende do PFL

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

A permanência ou não no cargo do governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB), dependerá do PFL no provável pedido de impeachment a ser votado pela Assembléia Legislativa.
Os oito integrantes da bancada do PFL disseram à Agência Folha que ainda não têm um juízo formado sobre o envolvimento do governador no episódio da emissão de letras financeiras.
A bancada governista, que possui 11 deputados, precisaria de mais três parlamentares para evitar o impeachment.
Sabe que não poderá buscar ajuda nos 11 deputados do PPB e nos seis do PT, partidos engajados nas investigações pró-impeachment.
O PSDB e o PDT deixaram o governo recentemente, como o PFL. Os quatro deputados tucanos e pedetistas -dois de cada partido- são bem mais críticos que os pefelistas em relação ao caso.
Os parlamentares do PSDB e PDT dão sinais de que votariam pelo afastamento de Vieira.
O deputado Pedro Bittencourt Netto, presidente do PFL-SC, diz que "um pecado leve pode ser pago com uma ave-maria". No entanto, advertiu que "existem pecados graves que não conseguem absolvição e levam ao inferno".
'Dinheiro no bolso'
O líder da bancada do PFL, Onofre Agostini, dá como exemplo de "pecado grave" uma eventual descoberta de "dinheiro no bolso" das autoridades investigadas.
"Se isso ocorrer, não vai dar para segurar. Agora, caso o pecado seja mais leve, ficando na discussão da constitucionalidade dos atos, pode ser que Vieira escape do castigo extremo", disse Agostini.
O deputado que representa o PFL na CPI, Júlio Teixeira, deve influenciar seus colegas de bancada no momento da decisão.
Esquivando-se de emitir juízo de valor por pertencer à CPI, Teixeira, que é advogado, diz que um eventual desvio de dinheiro é um "crime menor" do que o "ferimento constitucional".
Os deputados que defendem o impeachment abertamente (alguns são simpáticos à tese, mas não dizem seu voto por pertencer à CPI) acham que será possível reunir 27 votos -dois terços dos 40 parlamentares, que é o quórum mínimo exigido para derrubar o governador.
Está por chegar à Assembléia, segundo o presidente do legislativo, Francisco Kuster (PSDB), o pedido de impeachment da OAB-SC (Ordem dos Advogados do Brasil), que vai se somar a outros dois já enviados por outras entidades e cidadãos.
Tem-se como certo que a CPI, no relatório final, recomendará o impeachment do governador.
Vieira diz confiar "no bom senso, no discernimento, na responsabilidade e na correção de propósitos dos deputados".
Levantamento
A Agência Folha ouviu diretamente 38 dos 40 deputados da Assembléia Legislativa.
A pergunta feita foi: "Com base nos fatos apurados até agora, o senhor aprovaria o impeachment do governador ou não?".
Não foram localizados dois integrantes do PMDB, cuja bancada, de 11 parlamentares, está "fechada" na defesa de Paulo Afonso, segundo deputados do partido.
Os oito deputados do PFL disseram que ainda não se definiram sobre a questão, preferindo esperar o final da investigação da CPI.
No entanto, eles têm sustentado que o governador cometeu faltas graves e devem acompanhar o voto dos outros pepebistas.
Um deles, Francisco Kuster, é o presidente da Assembléia e também não definiu seu voto. Os quatro, no entanto, tendem a votar pelo impeachment.

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