São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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Meio-campo leve é marca da vitória corintiana

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Por opção, Luxemburgo armou o seu Santos com dois volantes exclusivamente defensivos (um deles, Narciso, becão deslocado); por falta de opção, Nelsinho armou o seu Corinthians com dois volantes leves e versáteis (um deles, Silvinho, lateral-esquerdo deslocado).
Resultado: só no primeiro tempo, 3 a 0 para o Corinthians, graças à liberdade e leveza com que seu meio-campo tocou a bola, placar que seria definitivo caso o Santos não marcasse seu gol de honra, e o Corinthians não tivesse reduzido a marcha.
Claro que a vitória corintiana não se deu apenas por esse detalhe. Como tem um time superior, soube tirar proveito dessa vantagem.
Mas que é sintomático Silvinho sair de campo como o melhor do jogo, ah, isso é.
*
Sábado, era para o Palmeiras perder para o União. Não perdeu. É a marca de campeão.
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Antes mesmo de terminar o jogo, a Coréia (para os mais jovens, era assim que se denominava o grupo de 2.000, 3.000 tricolores que, nas entressafras, mantém-se fiel às vaias, de geração em geração) já gritava o refrão: "Volta, Telê!". Era como se essas quatro letrinhas tivessem o condão cabalístico de transformar aquele humilhante 0 a 0 do São Paulo contra o São José, em pleno Morumbi, sábado, numa passagem aérea para Tóquio.
Antes de mais nada, se tivesse forças para voltar, Telê viria para o feroz vizinho do lado, na Barra Funda, com quem teve de romper o acordo firmado no final do ano passado, quando da saída de Luxemburgo do Palmeiras.
Além do mais, o São Paulo perdeu a pose de campeão mundial ainda no reinado de Telê, o dom Sebastião tricolor, quando o Morumbi desabou em ruínas. E foi sob os olhos complacentes de Telê que se deu a debandada de Cafu, Antônio Carlos, Ronaldão e Leonardo; Dinho, Doriva, Raí, Muller (da primeira vez), Bentinho e Elivélton, logo seguidos de Palhinha, Gilmar, Donizete, Aílton etc., e, por fim, Zetti e André.
Convenhamos que esse elenco, reforçado de Axel, Válber e Denílson, com Telê ou qualquer outro treinador (menos o inglês do Barcelona), estaria olhando para Palmeiras e Corinthians de cima pra baixo.
Apesar disso, Muricy vai levando o barco, sem maiores solavancos, rumo ao porto da classificação. Ou será preciso relembrar a recente passagem de Parreira pelo Morumbi?
Sugiro, pois, que a Coréia troque seu canto de protesto, embora esse também ecoará perdido no Morumbi em reconstrução, por outro velho chavão: "Queremos jogador!". E acenda uma vela para Muricy seguir em frente.
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Por falar no inglês do Barcelona (derovante, assim será tratado aqui, sem nome), ontem, pela primeira vez nesta temporada, o homem armou o time, do meio-campo em diante, como manda o bom senso: Guardiola, De La Peña, Giovanni e Stoichkov; Figo e Ronaldinho, passando Luis Enrique para a lateral-direita.
Mas o bicho não sossega: com 3 a 0 sobre o Gijón, e o time começando a tinir, sacou Giovanni e Stoichkov. É desesperador.

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