São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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Machado é eleito autor imprescindível

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Machado de Assis é o escritor predileto da comissão de intelectuais "notáveis" escolhidos a dedo pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para elaborar uma lista com os 300 livros de literatura brasileira que deveriam ser lidos por todos os alunos e professores da rede pública de ensino.
O modernista Machado de Assis foi o mais citado pela comissão e teve quatro livros de sua autoria recomendados.
Jorge Amado, Clarice Lispector, o historiador Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior também foram bem cotados. Cada um teve três obras indicadas na lista final.
As três obras selecionadas do escritor baiano Jorge Amado também são bastante conhecidas: "Gabriela Cravo e Canela", "Mar Morto" e "Terras do Sem Fim".
Dessas três, apenas "Mar Morto" ainda não foi adaptada para as telas de TV.
Só uma mulher
Fazem parte da equipe de "notáveis" filósofos, sociólogos, historiadores, escritores e educadores. Só há uma mulher: a escritora Lygia Fagundes Telles. Os outros cinco são o sociólogo Hélio Jaguaribe, os professores Alfredo Bosi, Cândido Mendes e Eduardo Portella e o filósofo Sérgio Paulo Rouanet.
Cada "notável" fez uma lista com suas preferências, indicando, no máximo, 300 títulos. A única exigência solicitada a eles foi a de que fossem obras de escritores brasileiros.
A lista de cada um dos "notáveis" foi encaminhada ao MEC, que analisou os dados e fez uma nova relação com os títulos que haviam sido citados por pelo menos três membros da equipe.
O resultado foi a seleção de 98 obras que atenderam ao requisito acima.
Além de escritores de ficção consagrados -como Mário de Andrade, Lima Barreto, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa-, os "notáveis" elegeram em suas listas historiadores, antropólogos e economistas como Celso Furtado, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro e Sérgio Buarque de Holanda.
Para professores e alunos
A partir do início do ano letivo de 98, as escolas públicas com mais de 250 alunos vão receber kits com 300 obras de literatura, dicionários e enciclopédias selecionados em conjunto pelos "notáveis" e também por uma equipe do Ministério da Educação.
"Os kits que serão distribuídos às escolas vão beneficiar alunos, mas também serão importantes para complementar a formação dos professores. Por isso é fundamental que também tenham obras sobre a formação do Brasil", diz José Antônio Carletti, presidente do FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação).
Dicionários
Para completar o kit de 300 obras que será distribuído às escolas, uma comissão interna do MEC ficou encarregada de selecionar outros 202 livros de literatura brasileira, além de dicionários e enciclopédias.
A intenção do MEC é fechar a lista definitiva até maio e efetuar a compra em julho.
Ainda não está definido de onde virá o dinheiro para comprar os livros do kit. "Mas como a idéia é do presidente da República, não haverá dificuldades", afirmou Carletti.

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